Segundo Jorge Canil, a demora na entrega dos laudos periciais pode acarretar soltura de Manoel da Costa
Jociano Garofolo
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Manoel Américo da Costa, de 65 anos, acusado de matar e incendiar a jovem Priscila de Souza em setembro pode ganhar o direito de responder pelo crime em liberdade. A afirmação é do Juiz de Direito Jorge Canil, que ontem, durante a segunda audiência com o réu e testemunhas de defesa e de acusação, fez um pedido ao Instituto de Criminalística e ao Delegado Seccional Celso Reis Bento para que remetam ao juízo, no prazo de 10 dias, os laudos da reconstituição e exame necroscópico com a identificação e causa da morte da vítima, sob o risco de acarretar o alvará de soltura do réu.
De acordo com o juiz, o prazo desde a prisão em flagrante para a entrega dos laudos está se esgotando, e se isso acontecer, o acusado poderá ser solto. O advogado de defesa, Marcos Antônio Gianeze manifestou pedido de relaxamento da prisão em flagrante de Manoel, que aconteceu há mais de 60 dias, por não haver até o momento notícias da materialidade por parte da polícia técnica.
Jorge Canil disse que a defesa está equivocada na contagem dos prazos legais, confundindo o tempo de elaboração do inquérito com o do processo. O juiz salientou que cada processo deve ser analisado de acordo com sua complexidade. "Este caso exige trabalho que foge à rotina, com diligências complexas e trabalhosas", afirmou. Segundo Canil, não se pode deixar de considerar que se trata de um crime hediondo, incompatível com a liberdade provisória, em especial porque há indícios da autoria do réu e de materialidade, a partir dos laudos provisórios e dos testemunhos já ouvidos.
Testemunhas
Ao todo, incluindo o acusado, foram ouvidas oito pessoas. A primeira testemunha arrolada a entrar na sala de audiência foi Adriel Rodrigues, ex-namorado de Priscila e pai da filha que ela deixou, Ana Luiza de 2 anos e meio. Adriel preferiu fazer seu depoimento sem a presença de Manoel. Ele disse à reportagem que seria difícil manter-se calmo na presença da pessoa que pode ter matado Priscila. Ele disse que contou ao juiz que viu o acusado rondado com seu carro nas proximidades da casa da ex-namorada, dois dias antes do crime.
Em seguida, foi ouvida a última testemunha de acusação restante, a policial militar Marly Leite Jeucken, que teria encontrado a gravata sob o veículo que Manoel teria utilizado para criar um álibi. Também foram ouvidas cinco testemunhas de defesa.
A mãe de Priscila, Tereza Rodrigues Gomes, esteve no Fórum acompanhando Adriel. Ainda abalada pela morte da filha, preferiu se afastar do corredor e não ver quando o acusado foi conduzido pela escolta à Sala de Audiência. "Eu prefiro não olhar para a cara dele", afirmou.
Tereza contou que não tem dúvidas que Manoel é mesmo o autor da morte da filha e que espera que a Justiça seja feita. Ela disse estar recebendo bastante apoio de pessoas, inclusive desconhecidas que se solidarizaram com a situação. Priscila teria completado 23 anos no último dia 17.
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