Um caminheiro de 43 anos de idade foi mantido refém em uma mata em Américo de Campos
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Mais um caminhoneiro foi vítima de assaltantes de caminhões na região de Votuporanga. Uma quadrilha rendeu a vítima em um posto de combustíveis em Mirassol, colocou-a no porta-malas de um automóvel que a levou até uma mata no município de Américo de Campos, onde permaneceu durante toda a madrugada de ontem sob a mira de arma de fogo, enquanto outros davam sumiço no caminhão e no reboque.
O modo de atuação dos bandidos se identifica muito com os da quadrilha que teve a central de desmanche "estourada" pela Polícia Militar no bairro São Cosme, em Votuporanga, em junho último. O motorista Darci José Richtic, de 43 anos, residente em Rondonópolis, foi rendido por volta das 21h30 de quinta-feira. De acordo com informações passadas pelo delegado Ali Hassan Wanssa, responsável pela delegacia de polícia de Américo de Campos, onde foi registrada a ocorrência, Richtic retornava de São Paulo, conduzindo o caminhão Volvo FH12 380, ano 2002, de cor branca, com placas KEX-3168 de Rondonópolis-MT, acoplado com um reboque graneleiro vazio.
Em Mirassol, o caminhoneiro decidiu parar em um auto posto, localizado às margens da Rodovia Washington Luiz. Após ter permanecido por alguns instantes no estabelecimento, ele percebeu que o caminhão apresentava problemas. O motorista percebeu que a carreta travou, e ao descer para averiguar o problema, foi abordado por um indivíduo com o rosto descoberto e que estava com uma arma de fogo em mãos.
O desconhecido anunciou o assalto enquanto um comparsa se aproximou. Em seguida, outro membro da quadrilha encostou com um automóvel, cuja marca e modelo não foram notados pela vítima. Richtic foi colocado no porta-malas do veículo que rapidamente deixou o local. O automóvel ficou rodando por cerca de uma hora, enquanto o caminhoneiro permanecia preso no compartimento.
Quando o veículo finalmente parou, os assaltanetes pediram para que ele saísse, e fosse caminhando na direção de uma mata, perto de uma plantação de cana-de-açúcar. Em seguida os integrantes da quadrilha saíram do local, deixando apenas um deles como sentinela. O motorista contou que ficou sob a mira de um revólver durante todo o resto de noite até o amanhecer, quando então, o criminoso disse à vítima: "eu estou indo embora, mas você vai ficar aqui por mais meia hora".
Passado os 30 minutos, Darci José Richtic saiu da mata e caminhou até a zona urbana de Américo de Campos, onde procurou auxílio da polícia. Apesar de não ter sofrido ferimentos, os prejuízos finaceiros foram enormes. O caminhão e o reboque são avaliados em pelo menos R$ 200 mil. Além desse desfalque, a vítima também teve subtraídos os documentos pessoais, cartões bancários, um talonário de cheques e cerca de R$ 1.700 em dinheiro.
Similaridades
O depoimento desta vítima em muito se assemelha com o relatado com o de um dos caminhoneiros rendidos pela quadrilha que mantinha um desmanche clandestino de caminhões em Votuporanga. Em julho, o motorista João Mezzomo, residente no município de Iraceminha, em Santa Catarina, esteve no 2º Distrito Policial, no bairro Pozzobon, para recuperar partes do seu caminhão, ferramentas e objetos pessoais. Na época, ele falou ao jornal A Cidade sobre o método de ação dos assaltantes.
"Possivelmente em algum trevo, alguém da quadrilha subiu no caminhão e mexeu em alguma mangueira de ar ou cabo, o que fez com que o caminhão parasse. Eles não ameaçavam, falavam que me libertariam, que não aconteceria nada de ruim comigo", contou.
O único indivíduo preso por envolvimento com esse crime, e com outros seis atribuídos à aquela quadrilha, está com o julgamento em andamento. A juíza de Direito da 4ª Vara de Votuporanga, Daniela Camberlingo Querobim, começou a julgar no dia 7 de outubro, no Fórum da Comarca, o eletricista Irineu Viana Andrade, de 44 anos. Nessa primeira parte, foram ouvidas as testemunhas que residem em Votuporanga, e até dezembro, devem ser ouvidas as testemunhas e os envolvidos com o caso que moram em outras cidades, já que a maioria das vítimas residem em locais distantes.
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