Alta do preço ocorreu por conta do período entressafra da cana-de-açúcar, explicou a gerente do Auto Posto Liberdade
Para Thais Carneiro, gerente do posto Liberdade, etanol pode chegar ao valor mais alto do ano; vendedor Vinicius Formenton voltou para gasolina (Fotos: A Cidade)
Pedro Spadoni
pedro@acidadevotuporanga.com.br
O preço do etanol voltou a subir nos postos de combustíveis de Votuporanga nesta semana. Novamente, o litro do combustível voltou a custar mais de R$4 e a previsão é que suba mais uma vez nesta semana.
Conforme explicou Thais Carneiro, gerente do Auto Posto Liberdade, ao jornal
A Cidade, a alta do preço do etanol ocorreu por conta do período entressafra (entre o fim de uma safra e o início de uma nova lavoura) da cana-de-açúcar, a matéria prima para a produção do combustível.
"Ainda por conta da chuva, acaba piorando. Porque não está chovendo, então tudo acaba interferindo na colheita da cana. E as usinas estão com dificuldade de fornecer o etanol também, porque eles não estão tendo matéria prima para fazer. Acho que agora vai chegar no [preço] mais alto", disse a gerente.
Alta do preço
Ainda segundo Thais, o preço atual do litro do etanol nos postos é o mais alto registrado desde 2018, quando "estourou" a greve dos caminhoneiros e os preços dos combustíveis dispararam no país todo.
"Naquela época que deu aquela falta de combustível em todos os postos, [o preço do etanol] subiu. Depois daquela época, não teve outra alta expressiva igual está tendo agora. A gente já foi notificado que pode ter outra alta. Baixa não está prevista, por enquanto", informou a gerente.
Assim como Thais, Luiz Renato Carvalho, que trabalha no Auto Posto Vitória, entende que o aumento do preço ocorreu por conta da falta de matéria prima nas usinas. Ele também destacou o impacto da falta de chuvas do período atual.
"As empresas não tem [matéria prima], devido à seca. A cana que produzia mil litros, hoje você mói e está produzindo 700 litros. Então com a demanda e a falta do produto, [o preço] acaba subindo", explicou Carvalho.
Ele também disse que o aumento do preço do etanol acaba fazendo consumidores que tenham veículos flex a migrarem para a gasolina na hora de abastecer.
Foi o caso de Vinicius Formenton, que é vendedor e utiliza muito seu carro para trabalhar. "A questão do álcool está difícil mesmo, porque a gente vê que não precisa nada de refinaria, é só usina. E subindo [o preço], fica complicado. Eu vou passar ele [seu carro] para a gasolina, porque não compensa", relatou o vendedor à reportagem.
Contexto
A Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), entidade representativa das principais unidades produtoras de açúcar, etanol e bioeletricidade da região Centro-Sul, informou nesta semana que, por conta da quebra nas safras da cana-de-açúcar, a produção vai diminuir, o que significa preços mais altos para o açúcar e para o etanol. A região é a principal produtora de etanol do país.
De acordo com a instituição, o que está acontecendo neste ano, diferentemente dos anos interiores, é a previsão de redução significativa na oferta de cana-de-açúcar, principalmente no estado de São Paulo, triângulo mineiro e no Paraná. Inclusive, São Paulo é o estado mais afetado pela situação do início da safra de cana, que representa 60% da produção da região Centro-Sul.
Ainda segundo a Unica, a previsão é que a situação da cana-de-açúcar e, consequentemente, do etanol e do açúcar, possa se regularizar a partir da segunda quinzena de junho. "O incremento na oferta deve acontecer de uma forma mais significativa a partir do mês de junho, deixando o etanol mais competitivo novamente", informou a instituição, em nota.