Depois de cerca de dois meses de espera e incertezas, alunos podem retomar as etapas da habilitação, que se tornaram mais demoradas
Lázara Carvalho, aos 57 anos, voltou para as aulas práticas após dois meses de paralisação (Foto: A Cidade)
Fernanda Cipriano
Estagiária sob supervisão
fernanda@acidadevotuporanga.com.br
As autoescolas de Votuporanga também estão de portas abertas desde o último sábado (24), com os mesmos protocolos de clubes, restaurantes e academias. As instituições já somam duas paralisações, desde o início da pandemia e alunos têm sofrido com a longa espera no processo da CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Com os novos protocolos, as instituições lidam com as baixas na quantidade de alunos que podem ser atendidos por dia e o processo que antes levava cerca de três meses, hoje já dura, pelo menos, 10 meses. "Hoje a gente não dá nem prazo, porque você fala com o aluno que em cinco meses ele termina, mas ai para de novo e depois? Então a gente não está dando nem prazo", disse Rodrigo Flavio Pereira, diretor da Autoescola Pereira.
Cerca de 80 alunos já estão aptos e apenas aguardam para a aplicação dos exames teóricos, que iniciaram ontem. Essa etapa também está mais lenta, devido ao protocolo, que limita o atendimento a 25% da capacidade. "Eles calculam por carro, vamos supor que [o instrutor] tinha dez alunos e agora reduziram para dois, dependendo até três por dia. Nisso, eles colocam por hora de dois a três carros, pois é a cidade inteira", explicou Rodrigo.
A redução também afetou o curso teórico e teve as turmas de 35 e 20 alunos, encurtadas para nove e cinco alunos por classe, respectivamente. As autoescolas visam nessa retomada de aulas e exames, uma ordem prevista para que os alunos que deram entrada antes no processo não sejam prejudicados.
Quem vive a demora do processo são os alunos que também lidam com suas próprias expectativas. A aluna Lázara Carvalho, já voltou para a autoescola e falou com a reportagem minutos antes de iniciar a sua segunda aula de carro. Aos 57 anos, ela está focada no cursinho e no exame para tirar a sua primeira habilitação, que deu entrada em outubro do ano passado. “É bom retornar, e já fico um pouco ansiosa e com medo, por conta das provas. É minha primeira CNH e estão sendo as primeiras vezes em que pego em um carro”, disse ela.
José Henrique dos Santos, de 19 anos, deu entrada na CNH uma semana antes do início da pandemia e desde então passa por incertezas. “No começo, fui orientado pela autoescola a aguardar, e como iria tirar carro e moto, eles deixaram claro que poderia demorar para me encaixar. Eu iniciei todo processo, porém sempre ciente que poderia ser interrompido novamente, o que aconteceu no início deste ano, faltando apenas uma aula e o exame prático de carro”, explicou.
José conta que pôde iniciar o processo da habilitação no ano seguinte ao que completou a maioridade. Hoje, após mais de um ano ele só aguarda para fazer o exame de carro e já foi aprovado no de moto.
“O meu caso chega a ser curioso, por conta de motivos pessoais não iniciei assim que completei 18 anos, apenas após um ano que pude ir atrás e acabei sendo surpreendido pela pandemia, o que me causou muita frustração. Sempre tive esse objetivo, para criar independência. Além do mais já via meus amigos com suas habilitações em mãos, o que causava uma sensação de que estava ficando para trás”, completou ele.