Em meio à pandemia e a crise por ela provocada, preço de produtos básicos está deixando os votuporanguenses inconformados
Consumidores de Votuporanga estão indignados com o aumento nos preços dos alimentos (A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
De R$ 10, em média, no começo do ano, para R$ 19 um pacote de arroz em meio à pandemia e a crise econômica por ela provocada. O litro do óleo de soja também saltou da média de R$ 3 para até R$ 6, sem falar no feijão, item essencial para a maioria dos brasileiros. A cada visita ao supermercado os votuporanguenses se assustam com o aumento dos preços.
É o caso de dona Maria Izabel, moradora do Pró-povo. Ela é ouvinte da Cidade FM e questionou o aumento, que ela considera abusivo, ao vivo, anteontem, durante o Jornal da Cidade.
“Eu queria saber quem é que está fazendo isso com a gente, se são os supermercados ou o governo, porque se eles acham que com R$ 600 a gente consegue viver com esses preços aí eles estão loucos. R$ 20 um pacote de arroz, é um absurdo. Onde vamos parar”, desabafou.
E ela não está sozinha. Vários outros ouvintes aproveitaram a reclamação para externar sua indignação, assim como o assunto toma conta das redes sociais.
Os preços
A reportagem do jornal
A Cidade realizou um levantamento dos valores de alimentos tradicionais da cozinha (como o arroz, o feijão e o óleo) nos principais supermercados de Votuporanga.
De acordo com os dados levantados, o preço do arroz tipo 1 varia nos mercados votuporanguenses de R$ 19,58 a R$ 23,98. Já o valor do feijão está na variante de R$ 5,99 e R$ 6,99. O óleo é que registra a maior diferença de preços no município, apresentando R$ 4,99 em alguns estabelecimentos e a máxima de R$ 6,49 em um mercado da cidade.
Outro lado
De acordo com a Apas (Associação Paulista de Supermercados) a alta dos preços está relacionada ao aumento das exportações destes produtos e suas matérias-primas, além da diminuição das importações desses itens, motivadas também pela mudança na taxa de câmbio que provocou a valorização do dólar frente ao real.
“Somando-se ao câmbio competitivo, há a conjunção de quebra de safra e o crescimento da demanda interna impulsionada pelo covid-19, que trouxe maior consumo de produtos básicos - tanto pelo auxílio emergencial quanto o deslocamento do consumo fora de casa para dentro do lar”, disse a instituição em nota.
Ainda conforme a Apas, o IPCA (Índice de Preços para o Consumidor Amplo) está controlado porque, no acumulado do ano, itens como os transportes, combustíveis e recreação estão com deflação, já a habitação, por sua vez, está com acumulado de apenas 0,76%. Mas esta não é a realidade do grupo dos alimentos, que possuem grande importância na composição do orçamento familiar.
“O feijão e o arroz, por exemplo, estão respectivamente com inflação acumulada em 23,1% e 21,1% em 2020. Está cada vez mais difícil para o consumidor comprar os itens que costumeiramente eram os primeiros a entrar no prato do brasileiro. O arroz, feijão, leite e óleo de soja, por exemplo, estão com aumento acumulado médio em 18,85% no ano, número quase quatro vezes maior que o índice geral de preços dos alimentos (5%)”, completou.
A Apas disse ainda que tem reforçado, desde o início da pandemia, para que os supermercados associados não aumentem suas margens de lucro e repassem aos consumidores apenas o aumento proveniente dos fornecedores.
“De modo que possamos assegurar o emprego dos nossos colaboradores e garantir que a população tenha alimentos de qualidade à disposição.Assim, aApas recomenda aos supermercadistas que continuem negociando com seus fornecedores e comprem somente a quantidade necessária para a reposição, bem como ofereçam aos seus consumidores opções de substituição aos produtos mais impactados por esses aumentos provenientes dos fornecedores de alimentos”, conclui a nota.