Seu corpo foi sepultado nessa terça-feira (01) sob os aplausos de amigos, familiares e admiradores de seu trabalho em prol da cidade
(Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Faleceu na madrugada de ontem, aos 93 anos de idade, o ex-prefeito de Votuporanga Dalvo Guedes. Vítima de um câncer, seu corpo foi sepultado ainda ontem sob os aplausos de amigos, familiares e admiradores de seu trabalho em prol da cidade.
Natural de Bebedouro-SP, Dalvo Guedes nasceu em 10 de dezembro de 1926, filho caçula de Albertino Guedes e RosinaSgarbi Guedes. Para Votuporanga veio no ano de 1957, quando o município não tinha ainda 20 anos.
À época ele já era casado com Josefina Oriali Abdo Guedes, com quem teve os filhos Alberto Augusto Guedes, Dalvo Guedes Filho, Maria da Graça Guedes, Antônio Fernando Guedes e Maria Cristina Guedes.
Foi gerente do banco Bandeirantes e veio para Votuporanga para ficar apenas 15 dias, e não voltou mais para Fernandópolis, onde morava há sete anos.
“A cidade não tinha asfalto. A luz era a motor à diesel e apagava à meia-noite. Não tinha rede de esgoto. Água era insuficiente. Também faltavam vários órgãos públicos”, destacou Dalvo em uma entrevista exclusiva ao jornal A Cidade em 2016.
Por aqui foi ficando e trabalhando muito na agência bancária. Também foi em busca de melhorias para a cidade, construiu as piscinas do Votuporanga Clube, quando presidente, e ajudou as outras diretorias. Ajudou a construir a Igreja Matriz. Também era diretor da Votuporanguense, colaborando na montagem do time e arrecadações. No banco, ficou até o final do ano de 1963.
Popular nas ruas, participante do clube social, da agremiação esportiva da cidade e dedicado em tudo o que fazia, não demorou para que o povo enxergasse emDalvo Guedes o prefeito ideal. A princípio ele não queria, mas aceitou e foi eleito pelo PTN (Partido Trabalhista Nacional) com 74% dos votos sem nunca ter exercido cargo público. A posse foi em 1963, com mandato de quatro anos, que foi prorrogado por mais um ano. Neste período, afastou-se do banco.
Esta foi uma gestão que alavancou a modernização de Votuporanga. “A arrecadação do município era pequena e dependíamos dos governos estadual e federal. Quando assumi a Prefeitura, Votuporanga tinha 23 mil habitantes, ao final de minha gestão, alcançava 35 mil”, revelou na mesma entrevista.
Em 1968, Dalvo foi considerado o melhor prefeito do Estado e Votuporanga foi agraciada com o título de capital da educação.“Me considero feliz pelo dever cumprido e consciente de que entreguei o município com base sólida, pronto para crescer consolidado e com futuro promissor”, completou o ex-prefeito.
Faculdade
Um dos grandes responsáveis pela criação da faculdade de Votuporanga, Dalvo Guedes tem orgulho do que se tornou a Unifev. Ele criou a faculdade de Ciências e Letras em abril de 1966, como autarquia municipal, com o objetivo de dar condições de estudos aos filhos da cidade, um dos motivos que tornou Dalvo Guedes o patrono da Unifev (Centro Universitário de Votuporanga), esta conquista foi devido a muita luta e a atuação forte de um grupo formado por cinco professores.
“Em termos figurativos, é a maior chaminé da cidade. Oferece emprego e ajuda a aumentar a população. Ela não foi criada por apenas uma pessoa, a sociedade participou integralmente e o Centro Universitário está beneficiando toda região. Nenhum município vai para frente se não tiver educação de nível”, destacou Dalvo Guedes.
Obras
Entre as grandes obras da gestão de Dalvo estão a construção de oito grupos escolares; a instalação do instituto de educação IE;a cidade tinha meia dúzia de quarteirões asfaltados, Dalvo Guedes estendeu para a área central completa e alguns bairros da cidade; lutou para não faltar água e fez a ligação de rede de esgoto; construiu a praça da Santa Luzia e concluiu a da São Bento; construiu o jardim dos distritos de Simonsen e Parisi, que tornou-se município posteriormente; construiu várias avenidas para melhorar a mobilidade urbana e o trânsito; buscou a instalação de vários órgãos estaduais e federais; em dezembro de 1968 criou a Saev; proporcionou boas condições de expansão do Contevo (Conselho Televisivo de Votuporanga), uma autarquia municipal e vendeu a companhia elétrica para a Cesp, que foi grande alavanca para o fornecimento de energia, fortalecendo o comércio e a indústria e para a iluminação de toda cidade, onde a Cesp investiu e criou a sua regional, os novos bairros nasciam iluminados.
Luto oficial
Tanto a Prefeitura como a Câmara Municipal de Votuporanga publicaram ontem decretos de luto oficial por três dias no município, pelo passamento do ex-prefeito Dalvo Guedes. Ambos os decretos levam em consideração o histórico de trabalho e dedicação de Guedes pela cidade.
Depoimentos
Nasser Gorayb
Dalvo foi um grande prefeito de Votuporanga.Na época que a cidade precisava de alguém que pudesse puxar o seu progresso e ele iniciou isso, sem dúvida nenhuma. Eu fui candidato a vereador juntamente com ele, era muito jovem e Dalvo também, tanto é que ele tinha em média 30 anos quando foi eleito prefeito. Foi uma época interessante para o Brasil entender inclusive, pois veja bem, em 1963 fomos candidatos e em 1964 já houve a chamada revolução e Dalvo foi prefeito durante esse período. Dalvo sempre foi um grande profissional na área bancária e também um grande chefe de família, sem dúvida nenhuma. Eu continuo tendo por ele uma grande admiração.
Rames Cury
O Dalvo veio para Votuporanga pelos anos 60 mais ou menos, e foi gerente do banco Bandeirantes. Logo, o elegemos como presidente do Votuporanga Clube, depois ele continuou e o ajudamos na parte social, eu e o Adelino e foi assim por muito tempo, até que ele foi eleito prefeito de Votuporanga, acredito ser um dos melhores prefeitos que Votuporanga já teve. Ele conseguiu trazer para a cidade, na época, a sede do Inps, que é até hoje ali na rua Santa Catarina, um senhor prédio. Então, como prefeito ele deu um bom início para a cidade, agora como amigo, ele foi um grande amigo. Em 1963, eu ia casar e o convidei para ser meu padrinho de casamento, então ele foi meu padrinho de casamento no religioso. A gente sente a perda de um amigo, pois eu perdi um amigo e estou até emocionado em falar dele, até porque eu o considerava um irmão, senti muito a perda dele. Que Deus o abençoe e o leve para um bom lugar. Uma perda irreparável e para mim é uma grande honra falar da pessoa que ele era. Ele tinha uma grande maneira de administrar e um pensamento incrível, sempre foi muito positivo e via as coisas além da gente, trazendo grandes ensinamentos.
Dr. Joaquim Figueira
Foi um companheiro, um amigo e acima de tudo um verdadeiro irmão. Ele foi um protagonista das grandes obras e grandes eventos de Votuporanga. Ele foi um defensor intransigente do patriotismo municipal. Que Deus tenha ele em bom lugar e conforte a sua família.
Manoel Anzai
É lamentável que todos nós vamos envelhecendo e chega o dia. Hoje, foi o dia do Dalvo, nosso grande amigo, grande cidadão votuporanguense, um espetáculo de homem, de caráter, de honestidade e de simplicidade. Um cara dinâmico que não fazia brincadeiras, sempre respeitava, falava sério e o que a gente precisava ouvir. Foi um político, um prefeito adorável, eu acho que todos entenderam bem o tempo em que ele ficou, foi um cidadão que hoje é difícil a gente encontrar. Eu o respeito, porque não via a maneira dele ajudar Votuporanga a não ser com trabalho, com a dedicação e respeito para todos nós que moramos aqui há tantos anos. Este cidadão veio para melhorar Votuporanga, que de fato melhorou muito em sua gestão. Também tivemos outros e se a cidade é assim hoje é em função destes governantes que estiveram aqui. Votuporanga cresceu exatamente pelo trabalho em equipe. Mas é lamentável, porque nós perdemos um grande cidadão. Que Deus o ilumine para o lugar que merece e que todos nós desejamos.
Dr. Jesus Silva Melo
Eu trabalhei toda a administração dele como engenheiro responsável e sempre admirei muito a conduta dele como pessoa e também como administrador. Durante muito tempo tivemos um bom relacionamento. No meu ponto de vista, foi um grande administrador de Votuporanga e durante a gestão dele, a cidade produziu muito, não só na parte material, na parte de asfalto, se água e esgoto, mas principalmente organização. Na forma em que ele colocou a administração, foi boa para a cidade e bem organizada, que permitiu o crescimento do município. Como pessoa, ele foi um grande amigo, além de uma pessoa leal com suas atitudes e era uma pessoa que sempre soube admirar os amigos, e conservou bastante esse sentido de uma amizade leal, muito participativa em todas as reuniões que tivemos.