Primeiras famílias nipônicas desembarcaram aqui na década de 40 e ajudaram a escrever nossa história de desenvolvimento
Tieko e Tiyko receberam a reportagem do jornal A Cidade para contar a história da colônia japonesa em Votuporanga (Foto: A Cidade)
Franclin Duarte
franclin@acidadevotuporanga.com.br
Ao longo de seus 83 anos Votuporanga acolheu diversos povos que estão diretamente ligados ao seu desenvolvimento e também à sua história. Um dos exemplos dessa miscigenação também chama a atenção por manter suas tradições, mesmo em tempos onde elas acabaram sendo deixadas de lado em razão do avanço tecnológico. Trata-se, é claro, da colônia japonesa, uma das primeiras a se estabelecerem por aqui.
Para contar a história desse povo, o jornal A Cidade contou com a ajuda de duas pessoas muito ligadas às tradições e à comunidade nipônica local. Tiyko Sawada Yashioka, que é uma das mais ativas representantes da Ancevo (Associação Nipo Cultural e Esportiva de Votuporanga) e Tieko Watanabe, atual presidente da associação. Tiyko nasceu no Brasil. Seus pais vieram do Japão no mesmo navio, mas ainda não se conheciam. Chegando aqui ambos foram trabalhar em lavouras distintas de café e por intermédio de um amigo eles se conheceram e se casaram em terras brasileiras. Dessa união nasceu Tiyko, que em 1973 desembarcou na cidade das brisas suaves junto com sua família.
“Assim que eu cheguei seu Nozumo Abe, que era o líder em tudo, já veio em casa e me arrastou para o Nipo, e estou até hoje, ajudando a manter as tradições”, contou. Aos 80 anos, no entanto, ela foi “intimada” pelos filhos a desacelerar um pouco, abrindo espaço para uma nova geração.
É aí que entra Tieko. Ela chegou em Votuporanga em 1985, mas em 1990 foi para o Japão, voltando para a cidade que adotou em 1998, quando também ingressou na Ancevo. “Não podemos deixar nossas tradições se perderem, então assumi e, graças a Deus, tem uma boa turma que ajuda”, completou.
Ancevo
A Ancevo de hoje foi fundada em 1972 por meio da união com antigo Clube das Cerejeiras. Desde então a comunidade nipônica de Votuporanga caminha unida com o objetivo de manter as tradições de seus ancestrais. Um dos exemplos é o Bom Odori, que completaria 50 anos de tradição agora, não fosse a pandemia do coronavírus, e os Torneios de Gueitbol, jogo tradicional do Japão.
Primeiras famílias
Por estarem ligadas e serem apaixonadas pela Ancevo, Tiyko e Tieko conhecem bem história de seu povo na cidade. Segundo elas, as primeiras famílias japonesas que aqui se estabeleceram foram: Otsuki, Sawamura, Hassegawa, Matsumoto, Nagatoki, Kawamura, Anzai, Ksashiwabushi, Nakabashi, Ito, Sato e Abê, não necessariamente nessa ordem, mas todos aqui desembarcaram na década de 40 e início de 50.
Dessas famílias, inicialmente de agricultores, surgiram comerciantes, médicos, professores, empresários e profissionais das mais diversas áreas que investiram e acreditaram em Votuporanga, colaborando com o seu progresso e desenvolvimento.