O projeto que já arrecadou e distribui mais de 60 toneladas de alimentos, declarou o fim após notificação da Prefeitura
Ponto de coleta da Realpec, paletes que abrigavam os alimentos doados para a campanha, vazios no dia de ontem (Foto: A Cidade)
Fernanda Cipriano
Estagiária sob supervisão
fernanda@acidadevotuporanga.com.br
A campanha ‘Votu Solidária’, que entrou em vigor na cidade nos primeiros dias do mês de abril já arrecadou e distribui mais de 60 toneladas de alimentos, em meio à pandemia e os efeitos da crise.A ação, que beneficiava 29 entidades do município, além de dezenas de pessoas que foram cadastradas ao longo da iniciativa, foi encerrada oficialmente na manhã de ontem.
Em visita ao ponto de coleta da Realpec, Marilza Inocêncio Simioli que é uma das voluntárias do projeto, em meio aos olhos cheios de água ao mostrar o local todo vazio, disse que o sentimento é de luto. “Um momento que está sendo tão difícil foi uma decisão rejeitável. Nosso sentimento é de luto, vocês mesmo se lembram do local cheio de doações”, disse.
Com as portas fechadas, na noite de anteontem o médico Luciano Melo divulgou por meio de suas redes sociais, um comunicado oficial sobre o fim da campanha. No entanto, na manhã de ontem, chegou um caminhão de fora com uma doação de 1 tonelada de alimentos, 500kg de açúcar e 500kg de arroz.
Esta doação foi efetuada por dois empresários de Votuporanga, que não se identificaram, durante a live do Conversa de Botequim, que teve a apresentação de Marquinhos Dóres e Fabíola Fiorentino, realizada no dia 24 de maio. Com a chegada destes alimentos, a equipe fará uma reunião para decidir o futuro desta doação. “Se não pudermos doar, vamos ter que devolver. Infelizmente vamos ter que devolver!” , concluiu Marilza.
A polêmica
Uma notificação extrajudicial da Prefeitura de Votuporanga enviada aos organizadores da “Votu Solidária” na última sexta-feira (29) foi o início da polêmica, que provocou o fim da campanha. No documento, assinado pelo prefeito João Dado (PSD), o Executivo ameaça representar criminalmente os voluntários, caso a ordem não seja acatada.
Após pedir demissão da Prefeitura devido esta postura, o médico Luciano Melo, um dos organizadores da ação solidária, concedeu entrevista exclusiva à rádio Cidade FM. Segundo ele, ninguém o procurou para conversar sobre o assunto e ele foi surpreendido em seu consultório por agentes do de posturas do município já com a notificação extrajudicial.
No documento, o prefeito determina que não haja a visita de colaboradores ou qualquer pessoa em residências que não sejam da Secretaria da Saúde do Município, para qualquer que seja a finalidade, sob pena de infração ao disposto nos artigos 268 e 330 do Código Penal.
Em coletiva à imprensa anteontem o prefeito João Dado disse que foi decretadoque pessoas que não sejam da Secretaria de Saúde não poderão ter contato com famílias votuporanguenses.
“Proibida por decreto é para que uma entidade entenda que deva fazer solidariedade sem respeitar as normas sanitárias. Isso não será permitido”, concluiu o prefeito João Dado.