A educadora da Casa Da Criança, tia Josi, está presente na instituição há 16 anos e garante que cuida dos seus filhos de coração como se fossem verdadeiros
Josiana sente falta das crianças na instituição e se preocupa muito com a condição dos pequeninos em época de pandemia (Foto: A Cidade)
Lara Giolo
Estagiária sob supervisão
lara@acidadevotuporanga.com.br
Todos sabem que ser mãe é um dom, um dom encaminhado das fontes mais divinas, oferecido para as mães com o intuído de duplicar o amor e as alegrias. Josiana Semenzim da Fonseca, de 54 anos, recebeu essa graça três vezes por sangue, porém, mais de mil vezes por amor.
A tia Josi, como é carinhosamente conhecida, atua desde 2005 na Casa da Criança de Votuporanga, entidade que trabalha no atendimento assistencial de crianças e adolescentes e suas famílias de forma gratuita, continuada, permanente e planejada, no contra turno escolar, desde 1971.
À época ela entrou como cuidadora e ajudava no acolhimento de mais de 130 crianças. Hoje, já como educadora da instituição, o número caiu bastante, são 80 alunos, mas em uma conta simples, multiplicando a quantidade de crianças por ano de atuação chega-se ao total de mais de mil “filhos” do coração.
“Desde quando entrei, tive crianças que eram órfãos de mãe, então é carinho dobrado. Essas crianças já te veem de uma forma diferente, chegam lá de fora e querem te contar todos os acontecidos, e eu tenho que estar preparada e cheia de muito amor para recebê-los e para escutar”, disse.
A todo o momento, durante a entrevista, tia Josi, expressava seu amor pelos pequeninos e seus olhos brilhavam com o orgulho e agradecimento pelo seu trabalho. “É um trabalho muito gratificante, só o fato de você chegar, ganhar um abraço e o carinho, podendo retribuir em dobro, é simplesmente incrível”, completou.
A educadora também disse que quando adentra ao espaço, os seus problemas são deixados do lado de fora e apenas os cuidados com as crianças importam. Um fato curioso que ela expôs, foi o de um aluno que, até hoje, com 18 anos de idade, frequenta o lugar, porque é apaixonado nos funcionários e principalmente no judô, esporte oferecido gratuitamente pela instituição.
“Tem vários casos em que eu encontro ex-alunos meus, vejo aonde eles chegaram e fico extremamente orgulhosa. Tivemos crianças que ficaram aqui, tiveram a oportunidade e hoje tem uma formação ou é uma pessoa de respeito. A mãe agradece muito”, disse.
Tia Josi ou mãe Josi, explicou ainda que ela apenas planta uma sementinha nas crianças, para elas crescerem e florescerem com frutos bons, assim como já floriu de muitos que passaram por lá. “Aquele que a gente pode plantar a sementinha e lá fora saber que a colheita dos frutos está sendo boa, não tem preço que pague”, acrescentou.
De todos os anos que Josiana trabalha na Casa da Criança, ela afirmou que as gerações mudam e a forma das crianças enxergarem o mundo também, mas o amor e o carinho que você disponibiliza são o mesmo para todas. “O educador deve estar preparado e tem que gostar da profissão, escolhendo o melhor sempre”, afirmou.
A mãe de mais de mil filhos acredita que todos eles foram realmente enviados por Deus e ainda especifica que trabalha e faz tudo por eles como se eles fossem seus verdadeiros filhos. “Se algum cai e machuca, você tem todo carinho de estar cuidando, prestando os socorros, somos a segunda mãe deles e aqui é a segunda casa”.
Nessa época de pandemia, Josiana está sentindo falta das crianças correndo e brincando pela entidade. Também tem a preocupação com o bem estar dos pequeninos em suas casas. “Tenho um amor tão imenso por eles que, em casa, eu sonho. Fico preocupada porque não sei como eles estão, é bem triste não vê-los e não ter muitas notícias”, concluiu.
Tia Josi confia que isso já está próximo do fim e que logo, ela estará novamente perto dos seus atuais 80 filhos.