(Foto: Reprodução/Diário da Região)
Há 71 cidades da região sem casos confirmados de coronavírus. É o que aponta levantamento feito pelo jornal Diário da Região de São José do Rio Preto, com base em dados das secretarias municipais de Saúde. Algumas dessas cidades possuem casos suspeitos. Outras 50 possuem ocorrências positivas. Na região, a cidade com maior número de confirmados é Rio Preto (181).
Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, médico e professor do Departamento de Infectologia e Dermatologia da Unesp de Botucatu, um dos autores do estudo que fala sobre a importância do isolamento social para proteger o interior de São Paulo, diz que não ter ocorrências contabilizadas não significa que não exista gente doente nos pequenos municípios. "Quase todas as cidades só têm testado os pacientes internados ou profissionais de saúde, outras pessoas com quadros gripais leves não estão sendo testadas."
Em Rio Preto, dados do Estado apontam que o isolamento social ficou aquém do desejado - 39% nesta terça. "O que nós sabemos é que o isolamento foi parcialmente bem sucedido. O número de mortes na Capital foi pelo menos dez vezes menor do que seria sem o isolamento; o número de internações foi cem vezes menor", estima. Ainda assim, a curva da doença não foi achatada como se esperava se as pessoas tivessem respeitado mais a orientação de ficar em casa.
Fortaleza acredita que as cidades pequenas serão afetadas pelo coronavírus, ainda que isso demore para acontecer. "Muitas dessas cidades são de população mais idosa, o que preocupa mais ainda."
Um dos fatores que explica a demora para a doença chegar nas pequenas Ariranha, São Francisco e Zacarias, por exemplo, é justamente o isolamento feito na Capital e mantido nos polos como Rio Preto.
Mesmo que a maioria das cidades da região não possua casos confirmados, o especialista alerta para uma falsa sensação de segurança - como os casos estão dispersos pelo Estado, muitas cidades não têm sentido o impacto da pandemia como nos grandes centros e os moradores tendem a acreditar que a situação está tranquila, o que não é real, pois a situação pode, sim, segundo Fortaleza, se agravar.
"Não existe nenhum véu misterioso envolvendo as cidades. Eu entendo que as pessoas estão exaustas, o sentimento gregário (de gratidão) de estar juntos é muito forte, mas não podemos abrir os olhos quando cada pessoa tiver um morto na família. Hoje dois terços dos casos estão na grande São Paulo e um terço está no interior, mas a tendência é igualar", afirma.