Teoricamente, o Brasil continua sendo o país do futuro. Mas, pode-se ousar dizer que isso é pura e simplesmente devido ao potencial energético, à grandeza das terras para a produção agrícola, ao inestimável valor que tem a Floresta Amazônica, ao Pré-Sal e, ainda, à quantidade de água potável dentro do território brasileiro. É que inúmeros gargalos fazem este mesmo país apequenar-se. Entre outros, desde a falta de interesse dos brasileiros pela política ou a sua falta de civismo até o tamanho da máquina pública brasileira, chegando, é claro, à corrupção.
No primeiro caso, governantes e governados pecam pela falta de civismo e de identidade nacional. Aqueles, salvo raras exceções, governam para no máximo 4 ou 5 anos visando à própria reeleição ou com o nítido interesse de manter os partidários ou os amigos no poder. Em verdade, são poucos os que governam para 15, 20 ou 30 anos. Noutro lado, os governados estão “pouco se lixando” para os assuntos que extrapolam a coluna esportiva, o horóscopo ou a novela. Não que isso seja maléfico, mas é que a vida cotidiana não pode resumir-se a esses assuntos. Em ambos os casos, verifica-se claramente a cultura do “individualismo” pouco importando para um pensamento “coletivo”. Procura-se, talvez sempre, pensar em si mesmo esquecendo-se de que a vida se realiza também em sociedade.
De outro lado, o tamanho da máquina pública representa igualmente mais uma amarra para o franco desenvolvimento do Brasil. São inúmeras as empresas das quais os governos participam ou estão em suas mãos. A Constituição Federal determina que a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo (art. 173). Contudo, a prática é outra. Inúmeras empresas servem, grosso modo, de palco para negociações de verbas e cargos de direção e também como cabides de empregos - verdadeiras moedas de troca.
É certo que tempos atrás o termo “privatização” foi praticamente demonizado. Mas acontece que um Estado desnecessariamente inchado não contribui em nada para o progresso do país. Com efeito, é necessário deixar apenas o essencial sob controle estatal e liberar aquilo que hoje sobrecarrega a máquina pública, podendo gerar, inclusive, receita para pagar parte da dívida pública. Quem sabe, assim, não se iniciaria um período em que finalmente existiriam serviços públicos eficientes e de qualidade. Porém, aqui a ressalva é oportuna: não se pode “entregar” tais empresas “às mãos beijadas”, como foram algumas alienações passadas – verdadeiros desserviços à nação brasileira.
Apesar disso tudo, é possível afirmar que o principal motivo inibidor do real desenvolvimento do país é o “câncer” que se instalou, praticamente, em todos os setores da sociedade denominado de corrupção – chaga cultural que ameaça também a democracia brasileira. Deixando agora de lado as regras de redação, ouso dizer que parece até que essa praga está no DNA de algumas pessoas, utilizando-me da expressão da Deputada Estadual do Rio de Janeiro, Cidinha Campos.
Como, no final de tudo, quem sempre paga a conta é o povo, está, definitivamente, na hora de os brasileiros repensarem o Brasil que querem...
*Carlos Eduardo A Gratão é ex-aluno da Unifev, analista judiciário e assistente jurídico do Desembargador-Presidente do Tribunal Regional do Trabalho da 18ª Região – Goiás.