Noite, silêncio profundo, nem um pássaro piando, nem um som na casa da vizinha, tudo quieto. E eu aqui meditando numa frase de Emmanuel, presente no livro “Pensamento e Vida”: “Cada criatura caminha no roteiro que lhe é próprio, em trânsito para a vida superior.” Cada criatura tem um caminho só seu. De mais ninguém. A jornada é individual. Cada criatura percorre um caminho único, moldado por suas escolhas e experiências. Então, fomos criados à imagem do infinito. Em cada ser, vibra a essência do Criador que nos torna únicos, eternos. Porque, então, às vezes, nos sentimos apenas uma peça na engrenagem? Fomos ensinados a funcionar, a produzir, a sermos úteis. Pouco ou nada se fala sobre existir de verdade, sobre ouvir a alma, sobre compreender o sentido profundo da vida. Nessa perspectiva, vamos tentar a um outro olhar. Em vez de sermos apenas um corpo apressado que se levanta todos os dias e pega um metrô, um ônibus, pensamos que somos universos em movimento, atravessando experiências terrenas para despertar, crescer e aprender a amar. Mesmo quando nos sentimos cansados, deslocados, perdidos, algo dentro de nós ainda pulsa. E esse algo é a nossa essência imortal dizendo: “Você nasceu para algo maior do que repetir os mesmos trajetos todos os dias”. Você é luz. Mas em algum momento, nos convenceram de que brilhar demais incomoda. E então, nos escondemos. Chamaram isso de amadurecer. Mas o amadurecimento verdadeiro é o da alma que compreende seu valor, que encontra seu lugar sendo o que realmente somos. Mesmo em silêncio, continuamos intensos, imensos. Continuamos sendo uma constelação vestida de rotina, com uma missão de amor e transformação no mundo. Não é loucura sentir-se fora do lugar. O Espírito em nós nos lembra que não viemos apenas para sobreviver, mas para ressignificar a dor e semear o bem. A pensar por si só. A decidir o que agrada e faz bem. Não somos só mais um. Somos galáxias vestidas de rotina. Somos feitos de poeira de estrelas e, mesmo assim, nos convencem a “não incomodar”, a não ser “demais”. Será que crescer é apenas se adaptar, sufocar, silenciar? Não. A intensidade que sentimos, a inquietação que às vezes nos invade, o sentimento de estar “deslocado” no mundo, nada mais é do que nossa alma lembrando que nascemos para existir, e não apenas para repetir trajetos. Não somos só mais um corpo no carro lotado. Talvez esteja na hora de mudarmos a pergunta que fazemos todos os dias. Em vez de “O que preciso fazer hoje?”, que tal “O que me faz viver hoje?”. A intensidade que pulsa em nós é nosso diferencial, não um defeito. Não somos só mais um. Somos um universo em movimento tentando existir num mundo que esqueceu de olhar pra dentro.