As mulheres caminham para consolidar a sua emancipação nesta nossa sociedade globalizada. Isso é ao mesmo tempo um desafio e uma conquista para toda humanidade. Passo para uma sociedade mais igualitária, mais justa.
No Brasil, as mulheres representam 51,5% da população e chefiam mais de 24 milhões das famílias. Nos últimos 20 anos, o número de mulheres com carteira assinada no País aumentou 162%. O crescimento da massa de renda já supera o avanço obtido pelos homens – entre 2003 e 2013 –, devendo repetir este ano a marca de R$ 1,1 trilhão considerando-se o trabalho formal, informal e os benefícios.
É um avanço bastante significativo se levarmos em conta que, em 2003, as mulheres brasileiras receberam R$ 602 bilhões, em valores atualizados pelo INPC, resultado da renda do trabalho – formal e informal – e de benefícios – aposentadorias e pensões.
O crescimento da mulher no mercado de trabalho e a busca pela profissionalização estão em todas as classes sociais. Às atividades do lar estão sendo acrescidos novos afazeres e a ocupação de funções antes reservadas apenas aos homens, como técnicos de informática.
Mas os avanços profissionais e econômicos conquistados pelas mulheres ainda esbarram no preconceito de gênero e na violência em todos os campos e classes. A questão da violência, aliás, é tão preocupante que o tema escolhido pela ONU para as comemorações do Dia Internacional da Mulher deste ano é “Promessa é Promessa: Tempo de Ação para Acabar com a Violência Contra a Mulher”.
O golpe mais lamentável no combate contra a violência sofrida pela mulher, por incrível que pareça, ocorreu recentemente nos EUA. Lá, 31 senadores republicanos votaram contra a renovação do Ato da Violência Contra a Mulher que, instituído em 1994, vinha sendo renovado continuadamente.
Esse é um retrocesso que compromete a luta das mulheres pela igualdade de gênero, que é “parte essencial da modernidade”, conforme definido em artigo (A igualdade de gênero – O Globo 05/03/2012)) pelo ex-ministro da Fazenda da Colômbia, o economista Rodrigo Botero Montoya.
De acordo com Montoya, “uma manifestação dramática de desigualdade de gênero é a violência contra a mulher”, não a física propriamente dita que é abominável, mas a dificuldade de acesso aos serviços públicos de saúde – sexual e reprodutiva – e a interferência da autoridade religiosa pela não separação Igreja/Estado.
O economista colombiano considera que os “países mais prósperos, democráticos e estáveis” são os que apresentam “maior grau de igualdade de gênero”, mas os EUA estão destoando com a postura dos senadores republicanos.
O retrocesso que se desenha necessita de reflexões mais aprofundadas das mulheres e dos homens comprometidos com igualdade de gênero. O Dia Internacional das Mulheres não pode ser apenas de celebração. Deve ser um dia marcado por ações e iniciativas pelo fim das desigualdades econômicas e sociais entre homens e mulheres.
*Arnaldo Jardim é deputado federal do PPS-SP