Vivo mais uma despedida dolorosa. Só quem tem animalzinho de estimação pode avaliar a dor de uma partida repentina. Esses “bichinhos” de patas conquistam o sentimento da gente. Sinto falta de suas latidas, de olhar piedoso e de rabinho abanando para demonstrar a sua alegria de estar com a gente.
Quando alguém estacionava o carro em frente a minha casa antes mesmo que campainha tocasse o Bolinha me avisava com o seu breve latido. De tarde, me esperava na porta de vidro, balançando o rabinho, e se me visse com a sua coleira pulava de alegria, prevendo a caminhada pelo Centro de Lazer. Era um amiguinho especial: me ouvia atento e com os olhos direcionados interpretava meus sentimentos.
Este, com o tempo de vida, já acumulava problemas de saúde. Pelo amor a gente não mede distância; uma clínica veterinária de Goiânia prescrevia os seus medicamentos e lhe atendia muito bem quando o caso da doença exigia sua presença. Foi assim desde filhote. Mas foi na virada deste 2025 que ele desapareceu em meio ao foguetório do ano novo. Sem ser percebido, embrenhou-se num pasto às margens do rio onde foi encontrado morto no dia seguinte. Para nós de casa foi uma amarga festa de ano novo.
Sem o Bolinha nossa casa tornou-se num vazio imenso. Dói na alma só de olhar para o seu cantinho de repouso e alimentação. Assim, tentamos superar o luto reservado dos primeiros meses deste ano. Mas, de repente, quando tento me confortar sem perder mais o sono, vem uma outra bomba.
Uma maldita cobra matou o Roquinho, o meu fiel companheiro no sítio. Sempre muito ansioso para dar uma volta pelo pasto, desta vez ele foi longe demais. Saiu de casa na companhia da mãe, a cachorra Pantera e o irmão Maguila. Só voltaram dois. O Roquinho ficou pelo caminho e hoje repousa em silêncio encoberto pela terra, na sombra de uma árvore. O consolo é de que nos seus últimos dias mantivemos presente. A Neusa lhe acompanhou na alimentação e no rigoroso tratamento a que era submetido com medicamentos prescritos pela dra. Fernanda e o dr. Pedro, do Hospital Veterinário da Unifev.
Quando estávamos no sítio o Roquinho não nos abandonava. Dormia num banco próxima da porta que seria aberta no despertar do dia seguinte. Contam que conhecia até o ronco do nosso carro quando chegávamos por aquelas bandas. Nos recebia de pé, no alambrado, dando-nos as mãos. A nossa voz e o nosso aconchego sempre foram motivos de manifestação de alegria.
A morte do Bolinha e do Roquinho nos alerta que o luto por um animal de estimação deve ser tão legítimo quanto qualquer outra perda humana. O pet nos ensina que o amor sem limites não ocupa espaço. Eles deixam pegadas mais profundas em nossos corações. O legado deixado pelo Bolinha e o Roquinho nos inspira a cuidar de quem não tem voz e sabe valorizar cada minuto de amor e carinho com quem permanece ao nosso lado.
Bolinha e Roquinho devem permanecem vivos em nossa memória. Estão presentes nos nossos gestos de compaixão como todos animais de estimação. Descansem agora amiguinhos queridos.