Havia escrito um artigo para hoje, porém, prefiro deixar o assunto para outro dia. Talvez em mais uma ou duas semanas, ele seja melhor compreendido e eu consiga fazê-lo melhor. Hoje prefiro ir por outro caminho.
Somente o passar dos anos vai nos proporcionando a oportunidade de valorizarmos o sentido da vida. Quanto mais tempo passa, mais aprendemos e conseguimos entender o andar da carruagem. Quando jovens somos impetuosos e contestadores, muitas vezes não damos a devida atenção aos ensinamentos que nos passam, pois, nossa perspectiva de tempo é diferente da dos mais idosos. E se, como jovens, não cometemos nenhuma atitude infeliz que nos marque a vida, sem dúvida, teremos tempo para com o tempo nos aprumarmos, encontrar os nossos caminhos e dar sentido as nossas vidas. Todos ao viverem algumas décadas tiveram de assumir responsabilidades, criar famílias e conviverem com os percalços naturais da existência humana. As lições que tiramos daí são muito importantes e, aqueles que sabem valorizá-las, nos momentos que divagam o passado, às vezes sozinhos num cantinho sossegado, sentem-se felizes por lembrar toda uma história de sua própria vida. Lembram pessoas, passagens, lembram o tempo que se foi com todas as suas características e, principalmente hoje, o tempo em que não existiam as tecnologias atuais. Lembramos até que para se falar ao telefone tínhamos de solicitar para que uma telefonista fizesse a ligação e que, talvez, alguns tenhamos sido grosseiros com algumas delas pela demora, e se pudéssemos já com mais experiência e educação mais acurada, pediríamos desculpas com humildade. Lembramos que tínhamos respeito por nossos professores e que nossas escolas eram bastante simples, porém, como alguém já disse: risonhas e alegres. Lembramos que não íamos a baladas e, sim, ao “footing”, onde as mocinhas ficavam passeando de um lado para outro, numa mesma calçada ou em volta do chafariz. Lembramos que muitas famílias para poderem “dar um futuro” a seus filhos tinham de se deslocar das comunidades onde viviam para cidades que não conheciam e viverem em bairros quase inabitados. Lembramos que para uma assistência médica mais especializada, tínhamos de ir para outras cidades e, muitas vezes, bem longe de nossos locais de residência. Lembramos que, algumas vezes, para aprender, tivemos de “apanhar da vida”. Quantos não passam ou passaram por circunstâncias assim? Quantos não possuem belas lembranças da vida passada? E, para isso, não há necessidade de se ter passado uma vida de riquezas materiais, mas uma vida de riquezas morais.
Estou escrevendo assim na esperança que os jovens que estejam lendo possam pensar um pouco sobre o assunto, que possam tirar algum proveito das experiências dos “velhinhos”.
Tenho a impressão que se viver mais algum tempo vou estar aprendendo muito mais e, se Deus me der a oportunidade escreverei sobre o assunto outra vez. Cada coisa no seu tempo.
*Nasser Gorayb é comerciante e colabora com o jornal aos sábados