Fim de linha. Foi o próprio presidente do Senado e ex-presidente da República, José Sarney (PMDB-AP) quem anunciou, nesta segunda-feira, que pretende deixar a política em 2014. As declarações foram feitas durante o lançamento do livro “Sarney, a Biografia” em um shopping da capital, São Luís, no Maranhão. Diz a lenda que uma cartomante havia dito a Sarney que ele seria presidente do Brasil duas vezes (Valei-me Deus).
Sarney assumiu a presidência da República quando o titular do cargo, Tancredo Neves, morreu de uma “diverticulite” nos primórdios da redemocratização do país. Na condição de Vice-presidente Sarney assumiu. Já a profecia, se verdadeira, parece que não será confirmada pelos fatos (Amém).
O ex-presidente Sarney já vinha admitindo sua retirada, pelo menos em caráter confidencial, pelos corredores do Senado. Ele disse que já se dedicou demais à política e que prefere deixá-la com a saúde em dia para se dedicar à família e à literatura. Desde a década de 50 na política, Sarney é o parlamentar mais antigo em atividade no Congresso Nacional. Membro da ABL (Academia Brasileira de Letras), ele já escreveu 22 livros.
A filha de Sarney e atual governadora maranhense, Roseana Sarney, disse que este será seu último mandato. Roseana também anunciou que deixará a carreira política em 2014. Justificou dizendo não ter sido devidamente reconhecida pela opinião pública, que se lembraria dela mais por ser filha do ex-presidente e não pelos seus serviços prestados à população (inacreditável).
A vida deste cidadão é tão intensa, que deveríamos escrever não um artigo, e sim um livro. Está na política desde a década de 50. Esteve em quatro partidos diferentes. Já foi de direita, de centro de esquerda, já acendeu vela pra Deus e para o diabo.
Serviu o governo ditatorial da ARENA/PDS, e depois de lamber o prato, cuspiu nele, vindo a ser o candidato à vice-presidente pelo PFL ao lado de Tancredo Neves do PMDB. Assumiu a presidência do Brasil, que lhe caiu no colo, e iniciou um período terrível da história do Brasil. Em seu governo surgiu uma das maiores crises da economia, que evoluiu para um quadro de hiperinflação histórica e depois uma moratória. Além do mais, várias acusações de corrupção em todas as camadas do governo. O próprio Sarney foi denunciado, embora as acusações não tenham sido levadas à frente pelo Congresso Nacional. Foram citadas suspeitas de superfaturamento e irregularidades em concorrências públicas, como a da licitação da Ferrovia Norte-Sul.
Depois de um governo desastroso, ele entregou o país para seu sucessor com uma inflação mensal de 86% ao mês. Só este fato deveria ser suficiente, para que este dinossauro deixasse o poder.
Todavia resolveu mudar seu domicílio eleitoral para o Amapá, estado recém-criado, e que com certeza exigiria menor número de votos par se eleger.
Está lá desde 1990, e controla também o estado do Maranhão, onde junto com sua família, tem um conglomerado de imprensa afiliado a Rede Globo (curioso).
Em 2009, ao ser eleito presidente do senado pela terceira vez, foi acusado de diversos crimes políticos, e mesmo assim continua com seu traseiro gordo na cadeira. O período de preponderância da família Sarney na política maranhense é uma época de dominação da mais antiga oligarquia política vigente no país. Segundo a Revista Veja, o resultado desse domínio é visível a olho nu: a família Sarney está milionária, mas o Maranhão lidera o ranking brasileiro de subdesenvolvimento. Também já foram criticados o controle das concessões públicas de comunicação por Sarney e o uso do “Convento das Mercês” como sede da Fundação José Sarney.
Durante o seu mandato, ele foi execrado pelo Lula. Vinte anos depois o mesmo Lula foi contrário o processo de cassação de Sarney. Eles são um câncer no processo democrático do Brasil.
Já disse anteriormente, que presidente da república não deve ficar na política. Entretanto temos ainda, o Collor, o Lula que assombra a Dilma, e tínhamos o Itamar, que morreu segurando o osso. É incrível como gostam de poder.
O problema é que ele continua como escritor, sendo inclusive membro da Academia Brasileira de Letras, o que faz dele um “imortal”. Meu Deus é demais, o que faremos? Um de seus livros foi classificado por Millor Fernandes de “uma obra-prima sem similar na literatura de todos os tempos, pois só um gênio poderia fazer um livro errado da primeira à última frase”.
Espero que em 2014, possamos ter um grupo de políticos descente, capaz de administrar um país que tem tudo para ser uma potência do mundo.
PS: Em 2014, o narrador esportivo da TV Globo Galvão Bueno, também irá se aposentar. Eu particularmente gosto dele, porém muitos também estão na expectativa.
Antônio Lima Braga Júnior - toninho.braga@hotmail.com - Votuporanga