Vou tocar num assunto muito sensível, sob a minha ótica e, como sempre, sob minha responsabilidade.
A Irmandade da Santa Casa de Votuporanga, tradicionalmente representada pela Diretoria Executiva e pelo Conselho Administrativo, não tem se furtado, em nenhum momento e, em nenhuma época, nos esforços para que a cidade e a região, que usufruem do hospital, tenham bons serviços de saúde. Foram muitos anos de lutas e abnegação, tanto de cidadãos que, gratuitamente, se empenham e, outros, que se empenharam, junto de médicos, enfermeiros e funcionários, para que tivéssemos esse modelo de Santa Casa. Mais de 1.500.000 de pessoas foram atendidas no SUS, no último ano. Três AMEs, Farmácia de Alto Custo, Consultórios Municipais e agora a UPA e o SAMU estão sob a responsabilidade e se utilizam da experiência administrativa e filosófica da Santa Casa. É o maior complexo de saúde de toda a região.
Para uma cidade de apenas 74 anos, possuir atendimento de alto nível em cardiologia é sinônimo de impetuosidade, possuir uma UTI Neo Natal com 10 leitos é sinônimo de amor. Acontece que muitas especialidades causam déficits mensais, que acumulados a outros provocam um buraco de mais de 3.500.000 de reais, anuais. E daí, quem paga a conta? Como fazer para o hospital não parar?
Pois é, aí é que devem entrar os recursos governamentais, os esforços dos deputados e a parceria da Prefeitura, não sem, antes, muitas vezes, o Provedor e Diretores assinarem “papagaios” de milhões de reais, colocando em risco seus patrimônios. Até entendo que isto deve ocorrer em muitas Santas Casas.
Quando o noticiário, em nível nacional, expõe as dificuldades encontradas pela população no momento de atendimentos; quando doentes são “depositados”, e tratados com descaso e desrespeito, em corredores de hospitais sujos e despreparados, percebemos o quanto a nossa cidade conseguiu avançar no atendimento à saúde, pois, como já escreveram em jornal local: “Todos os dias o milagre da vida acontece na Santa Casa, e nenhum “figurão” vem aplaudir um profissional da saúde”.
Administrar, com responsabilidade, um Hospital deste porte, numa cidade que cresce mais que o próprio, fazendo com que a demanda em muitos momentos esteja acima da capacidade de um atendimento mais agilizado, é temerosidade de quem o faz. E, estou escrevendo este artigo para alertar as autoridades competentes de que as beneméritas precisam de muito mais apoio e respeito por parte de todos. Não é possível que, entra ano sai ano, pessoas que nada ganham por fazer este serviço, abandonando seus afazeres, embaladas pela coragem e vontade de servir o próximo, tenham de comparecer, de “chapéu na mão”, em gabinetes governamentais. No nosso caso, não fossem, por anos, Deputados como Carlão, Dado, Julio, Rodrigo, Vaz, Emannuel e o Senador Aloysio, comprometidos com a causa, a vaca já tinha ido “pro brejo” e, isto, por mais que nosso povo seja solidário à causa e o Prefeito Juninho um apaixonado.
Também, aqui em Votuporanga, a própria qualidade já transformou o hospital em regional. Felizmente que seja assim, ótimo e confortável para os que residem em cidades vizinhas. Então pergunto: Até quando a Divisão Regional de Saúde vai continuar ignorando este fato? Por acaso estamos prejudicando alguém, ou será que não sentiram que as beneméritas tiram um grande peso dos governos? Por que ficar com medo de dizer isto de público, com medo das retaliações possíveis? Será que em futuro próximo, se nada mudar, encontraremos pessoas que queiram assumir os riscos existentes nesta empreitada? Isto é muito serio!
Motivado por essas perguntas é que estou fazendo e assinando este artigo e, tem mais, se isto criar ciumeiras e “raivinhas”, de quem quer seja, espero que não sejam covardes e não prejudiquem o Hospital. O importante mesmo é que as práticas de atendimento às necessidades das beneméritas precisam mudar. As autoridades responsáveis por esse tipo de atendimento e demandas precisam comparecer “in loco”, deixando seus confortáveis gabinetes, e resolverem os assuntos com objetividade, bem antes dos problemas acontecerem, diminuindo as preocupações das diretorias e, com isso, possibilitando que os mesmos possam dedicar seus tempos para melhorar sempre a qualidade dos atendimentos aos que realmente necessitam - os pacientes. Está na hora desse assunto - saúde, ser levado a sério e deixar de ser assunto de palanque de aproveitadores e insensíveis e, por que não dizer, enganadores e oportunistas.
Saúde pública é coisa séria, exatamente como se pratica em Votuporanga, mesmo que alguns não entendam assim.
Nasser Gorayb é comerciante e escreve neste espaço aos sábados - nasserartigo@terra.com.br