A oposição é um fator preponderante no processo democrático de um país. Sem ela, caminhamos a passos largos para uma unificação de poderes, o que não condiz com a democracia.
O processo político é bem interessante. Inicialmente existem alguns resquícios de comprometimento com a sociedade, porém com o passar dos tempos, vão se perdendo junto com o escrúpulo.
Durante a ditadura militar, a estrutura partidária de 1945 acabava. E com ela as três grandes agremiações, PSD, UDN e PTB. A democracia sofria um rude golpe A Arena tornou-se majoritária, tal o apoio do governo e as muitas adesões, enquanto no MDB estavam os partidos que já moviam oposição. Não haviamais opções. Arena e MDB passavam a dominar o novo quadro partidário imposto pelos militares. Um governista, o outro oposicionista. Era o bipartidarismo que convinha ao Palácio do Planalto.
No final dos anos 70, iniciou-se o pluripartidarismo, o que culminou com o surgimento de vários partidos. As coligações ficaram comuns e as ideologias políticas ficaram em segundo plano. O PSDB surgiu de um projeto de socialdemocracia nos moldes europeus, conforme foi sonhado pelo sociólogo e ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O PSDB se esvazia na quantidade e demonstra que não tem quadros de qualidade capazes de reverter o processo de desmanche. O fato é que o PSDB abandonou seu ideal assim que chegou ao poder.
Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, e Gilberto Kassab, eleito sob as asas dos tucanos para a prefeitura da capital, são a antítese da liderança sonhada por Fernando Henrique.
Durante os últimos anos, o que vemos são dois candidatos se intercalando na disputa pelo poder. Geraldo Alckmin e José Serra são imagens desgastadas de uma oposição desorganizada. Enquanto isso, o nome jovem que deveria se despontar no partido, o senador Aécio Neves, se encarrega de destruir sua imagem pessoal.
São muitos os sinais, desde 2006, de rancores acumulados entre próceres oposicionistas nas frustradas tentativas de derrubar do governo federal a aliança liderada pelo Partido dos Trabalhadores.
O fato é que nós, cidadão brasileiros, que temos que trabalhar, estamos diante da cruz e a espada. Um governo populista, que achata a classe média, enriquece os grandes latifundiários, e deleita-se com migalhas distribuídas aos pobres. Do outro lado uma oposição perdida, que não fala a mesma língua desde 2002, e que se preocupa em tentar desestabilizar o governo de maneira pífia, deixando para trás o seu verdadeiro papel.
Se quisermos uma democracia que funcione, devemos estar atentos aos nossos representantes. São eles que regem o país. Temos o maior gasto público do mundo com parlamentares, e não vemos nenhum resultado prático. E ainda temos que engolir o aumento de vereadores, ou seja, mais gente criando conchavos políticos, mamando na teta da democracia do oba-oba, e inchando um processo democrático podre e insustentável.
Dilma, ao assumir, prometeu reformar a política. Com o tíquete de acesso ao transatlântico governista no bolso e figuras carimbadas da direita na bagagem, Kassab acena à reforma com um tchau e mostra a todos a vida como ela é.
Antônio Lima Braga Júnior - toninho.braga@hotmail.com - Votuporanga