A Santa Casa de Votuporanga adotou medidas para enfrentar o período, que tem complicado ainda mais o trabalho do hospital
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
As dificuldades enfrentadas pelos hospitais públicos, que sempre foram constantes, aumentaram com a crise enfrentada no país. A Santa Casa de Votuporanga adotou medidas para enfrentar o período, que tem complicado ainda mais o trabalho do hospital.
Atualmente a Santa Casa possui um contrato para prestar atendimentos ao SUS (Sistema Único de Saúde), onde são definidas as metas como quantidade e qualidade. Portanto, a unidade cumpre com o contrato, procurando não exceder essas metas, porque os custos dos atendimentos realizados fora do contrato são 100% de responsabilidade da instituição.
Sobre possíveis restrições em alguns setores, o hospital diz que está trabalhando um plano de contingenciamento desde 2015, quando a crise política e econômica começou a dar seus primeiros sinais. Na época, várias ações foram tomadas e realizadas para assegurar a sobrevivência da instituição. As medidas foram intensificadas no começo de 2016 e esse trabalho continua a ser feito. Entre as principais medidas estão o corte significativo nas despesas, a redução do quadro de funcionários e de prestadores de serviços, a regulação do serviço de Pronto Socorro, a execução das dívidas dos municípios da região, a readequação de leitos e a redução dos atendimentos, realizando apenas o que está estabelecido em contrato.
O hospital esclareceu que os repasses do Governo Federal relativos ao SUS não caíram, já que estão fixados, seguindo o contrato que existe entre hospital e o Sistema Único de Saúde. No entanto, o que vem ocorrendo desde outubro de 2015 é a indefinição da data do pagamento, que antes tinha vencimento no dia 20 de cada mês. Com isso, o hospital sofreu um desencaixe em suas contas, tendo que recorrer a bancos e se reprogramar para realizar os pagamentos junto aos seus credores, como por exemplo, o caso dos médicos da instituição, que permanecem com um pagamento em atraso.
Em relação ao atendimento do SUS, a instituição lembra que as dificuldades para atender o Sistema Único de Saúde são históricas, praticamente, desde a inauguração da instituição, em 1950, quando onde a comunidade votuporanguense foi a grande responsável pela construção e manutenção do hospital. “Manter um hospital filantrópico funcionando, adequadamente, é um grande desafio para qualquer gestor brasileiro. Em Votuporanga, a diretoria da Santa Casa, junto à administração, médicos, funcionários e voluntários, têm feito um esforço enorme para continuar a garantir o atendimento hospitalar para a população”, comentou.
A Santa Casa ressalta também que a baixa remuneração da tabela SUS não é suficiente para cobrir as despesas dos atendimentos, principalmente agora, com a alta do dólar, inflação, juros altos e outros agravantes ocasionados pelo momento que o país está enfrentando, gerando um prejuízo que é acumulado mês a mês, endividando ainda mais os hospitais. Para tentar equilibrar a situação, o hospital busca captar recursos governamentais por meio de emendas parlamentares, convênios e subvenções, buscando projetos com iniciativa privada. Outra medida é a fazer um trabalho junto à comunidade para fortalecer o voluntariado do hospital e promover campanhas e eventos beneficentes para ajudar com as necessidades da entidade.
A instituição destaca ainda o trabalho da comunidade local e regional, que durante esse período de crise no país não deixou de colaborar com a Santa Casa, pelo contrário, compreendeu que esse é um dos momentos que o hospital mais precisa de apoio. “Tudo isso, têm feito a diferença nas finanças, nos ajudando a garantir o atendimento para a população. Hoje, o maior parceiro da Santa Casa de Votuporanga é a população”, afirmou.