Proprietários dos dois únicos veículos de Votuporanga esperam que a liminar sobre a proibição caia; eles estão de mãos atadas
Daniel Castro
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Os dois únicos trabalhadores que dependem de tuk-tuks para tirar seu sustento estão surpresos com a proibição da atuação dos veículos em Votuporanga. Uma ação foi movida pelo Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, e a Justiça concedeu liminar que impede a atuação de tuk-tuks na cidade.
Anderson Evilard da Silva, 39 anos, tem um tuk-tuk e disse não entender a proibição, uma vez que o meio oferecido por eles não lida com o transporte coletivo no município. O empreendedor lembrou que eles não têm pontos em bairros ou horários específicos determinados, além de procurarem atender pessoas onde o transporte coletivo urbano não chega e não tem horários. Ele observou que o triciclo transporta, no máximo, dois passageiros por vez, diferente do coletivo que leva mais de 40 pessoas. “Nossos clientes são um público diferente do usuário coletivo. Já mostramos que não atrapalhamos o trânsito e por ser veículo leve, conservamos melhor a via, e poluímos menos que veículos de grande porte”, frisou.
Anderson afirmou ainda que o triciclo é um veículo regulamentado pelo Contran e paga todos os impostos, como licenciamento, DPVAT e IPVA. “Quem irá sustentar nossas famílias e pagar o prejuízo que estamos tendo diariamente?”, questionaram.
Miguel Matta, que trabalha como mototáxi há 16 anos e é o responsável pelo primeiro tuk-tuk de Votuporanga, mostrou indignação e angústia com a liminar. “Estou me sentindo lesado já que não faço nada de errado, tenho formação, documentos, tudo está legalizado. Não posso parar de trabalhar, tenho contas para pagar que dependem do meu serviço. Já estamos avaliando a situação junto ao jurídico da Prefeitura para saber o que podemos fazer”, comentou.
Após a notícia da proibição, foi criado na internet uma petição online para tentar reverter a medida. O texto da reivindicação diz que “empresas de grande porte, como a Itamarati, apoiaram o caso, porém os únicos atingidos foram dois proprietários que, até então, estão sem poder trabalhar em um meio de transporte que foi aprovado pelo público em geral em vários sentidos, desde segurança até o atendimento e prestação de serviço a que se profissionalizaram. Pede-se, então que, por justiça, tal liminar seja anulada e que o serviço volta a funcionar na cidade na cidade.
Também insatisfeito com a situação, um internauta disse que algo preciso ser feito para não permitir a proibição. “Ou aqui virou bagunça mesmo, porque a Itamarati está com medo de uma moto, aí devia valer para todos os mototaxistas. Aí sim eles se juntariam e iriam para cima da referida empresa. Deixa o povo trabalhar, vocês já estão com o boi na sombra”, escreveu.
O caso foi mostrado publicamente pelo vereador Douglas Lisboa (PSDB) na 15ª Sessão Ordinária da Câmara Municipal, na noite de segunda-feira (2). O parlamentar ainda fez críticas a empresa Expresso Itamarati por atuar como interessada na ação. “É uma fatalidade muito triste na cidade ver empresas grandes lutarem contra empresas pequenas. A Itamarati é a detentora do transporte coletivo de Votuporanga e teve a audácia através do sindicato de mover esta ação. Temos dois profissionais que trabalham com o veículo no município e que precisam levar sustento para suas famílias”, falou.
No dia 29 de fevereiro, a Câmara Municipal aprovou projeto que regularizava tuk-tuks como prestadores de serviço de mototáxi no município. Até então os veículos circulavam com licença provisória concedida pela Prefeitura.