Somos um país onde 65% da população adulta enfrenta dificuldades para ler e interpretar documentos de orientação que poderiam melhorar suas vidas; uma nação onde a leitura não é um hábito comum em todas as idades. Está frente a um gigantesco problema de existência.
Nesse contexto, os mecanismos de troca de experiências se reduzem ao acesso às redes sociais, repletas de charlatões de toda espécie e com objetivos puramente comerciais e consumistas. O que esperar? Alguns “influenciadores” se arrogam o direito de encaminhar seus pensamentos a um grande número de seguidores, nas condições acima expostas, “tagarelam” sobre temas que sequer buscaram sustentação para suas manifestações comerciais, reproduzindo atitudes, comportamentos e procedimentos que, em uma análise primária, são totalmente desconexos com a realidade e a vida humana.
Há que se considerar, ainda, que ao serem produzidas no meio digital (redes sociais), essas informações atingem apenas o público consumidor que, infelizmente, não conta com recursos para a coerente interpretação do que é apresentado como verdade. Tais encaminhamentos apenas reforçam atitudes negacionistas que em nada contribuem para a qualidade de vida das pessoas e seus dependentes.
Essa constatação, lamentavelmente, também atinge pessoas que têm sob sua responsabilidade a orientação de famílias, profissionais que atendem crianças em tenra idade e muitos outros em nossa sociedade que se encontram alheios ao conhecimento que poderia modificar suas vidas.
Por outro lado, não basta a preocupação com a adoção de cartilhas sobre este ou aquele comportamento necessário aos avanços na qualidade de vida. Os gestores públicos podem e devem avaliar as inúmeras possibilidades de fazer chegar orientações a todos os brasileiros, como por exemplo “podcasts” para os que ainda não sabem ler ou com déficit de visão, textos e imagens (vídeos) simplificados para leitura e com linguagem adequada à realidade territorial.
Cabe, ainda, uma provocação: tais recursos poderiam estar disponíveis em todos os espaços de convivência, de forma a atingir o maior número possível de pessoas, tal como as rádios comunitárias em nosso país. Temos, todos, Um Desafio para o Desenvolvimento Nacional.