Quem manda no Governo: a presidente da República ou o PMDB?
Toda a briga de Funasa, DNOCS, Sudene, essa sopa de letrinhas que forma a administração federal, é uma queda de braço para saber quem manda; os caciques regionais peemedebistas, que controlam boa parte da bancada governista, ou a presidente Dilma Rousseff, que tem a caneta que nomeia, demite e dá verbas, edita o Diário Oficial da União e goza hoje de amplo apoio do eleitorado. A bancada do PMDB não controla a caneta nem edita o Diário Oficial, mas pode causar um monte de problemas - por exemplo, aprovar projetos que criem novas despesas e multipliquem as dificuldades de Dilma para governar o país.
Quem ganha? Depende: os parlamentares do PMDB podem seguir a orientação de seus líderes, enfrentar Dilma, tentar dominar totalmente o Governo e correr o risco de ficar a pão e água, caso a presidente vença a queda de braço; mas é preciso lembrar que Suas Excelências são vulneráveis a determinadas gentilezas que só o Governo pode proporcionar, e talvez a adesão à tese do enfrentamento não seja tão maciça assim. Nesse caso, o partido teria de aceitar o que o Governo lhe oferecesse. Conhecendo o partido, pode-se dizer que para seus integrantes um pouco é melhor do que nada. Além disso, mesmo com a fartura da mesa oficial, muita gente não degustou o que esperava. É um grupo que potencialmente pode apostar na mudança, confiante em apoderar-se de pelo menos uma parte do que era destinado aos favoritos de ontem.
A briga é boa. E a decisão demora.
Tiro ao alvo
A lista de apadrinhados que caiu ou está na fila é grande: Elias Fernandes, diretor-geral do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas, DNOCS, indicado e sustentado por Henrique Alves, líder do PMDB na Câmara, já caiu. Flávio Britto, PMDB, superintendente da Fundação Nacional da Saúde, Funasa, indicado pelo governador André Puccinelli, do Mato Grosso do Sul, não apenas caiu como foi substituído por um petista. O superintendente da Sudene, Paulo Sérgio Fontana, apadrinhado pelo deputado baiano Geddel Vieira Lima, e o diretor da Transpetro, Sérgio Machado, indicado pela cúpula do PMDB, estão na linha de fogo. Vão cair outros diretores da Petrobras, e a nova presidente da empresa, Graça Foster, já deixou claro que não dá a menor bola para seus partidos.
A lei, ora a lei
Que é que o presidente da Câmara Federal, Marcos Maia, do PT, faz na Alemanha? Ele viajou em segredo no dia 22 e só deve voltar no dia 30 - e violou a norma segundo a qual o presidente da Casa, ao ausentar-se por mais de 48 horas, tem de passar o cargo ao vice-presidente - no caso, a deputada Rose de Freitas, do PMDB capixaba. Por que viajou? Por que o segredo?
Deve ser um motivo forte: violar as normas internas da Câmara pode dar processo por falta de decoro.
Coragem, gente!
Desabam prédios no Rio e o governador Sérgio Cabral leva dois dias para aparecer. Dilma cancelou compromissos no Rio para ficar longe da tragédia. Diante da possibilidade de manifestações contra a desocupação do Pinheirinho, em São José dos Campos, o governador tucano Geraldo Alckmin, católico praticante, não foi à missa do aniversário de São Paulo. Autoridades, mas sem exageros.
Nós e eles
Por falar em Pinheirinho, as autoridades assistiram à ocupação durante anos e nada fizeram. Depois que deixaram seis mil pessoas sem teto, prometeram unir esforços para ajudá-las. Mas não agora, claro: Estado, União e Prefeitura deveriam reunir-se na sexta, para discutir o que fazer. Mas todos estavam ocupados com seus problemas e a reunião ficou para a semana que vem, se tudo der certo.