1- O ministro Fernando Vaidadd, do PT, que deixa a Educação para testar sua popularidade como candidato a prefeito de São Paulo, promete “reinventar a cidade” se for eleito. Para quem inventou um exame em que provas em branco recebem notas acima da média, como no Enem, reinventar deve ser fácil.
2 - O deputado José Aníbal, do PSDB, outro campeão de popularidade que pretende testar-se como candidato a prefeito de São Paulo, esqueceu do falecido companheiro de partido, governador Franco Montoro, ao falar da campanha das Diretas-Já. Montoro não apenas foi um dos líderes da campanha como também quem a viabilizou. E fundou o PSDB. Aníbal não se desculpou: disse que apenas leu a apresentação redigida pelo partido - uma bobagem, porque se espera de um candidato que seja capaz ao menos de corrigir besteiras em discursos que lhe preparam. A assessoria do partido disse que a apresentação foi elaborada pelo candidato. Eta, partido mais confuso! É cada um por si e ninguém por todos. Os tucanos se odeiam tanto uns aos outros que não conseguem nem mentir juntos!
3 - O ministro Mário Negromonte, do PP, que balança no cargo, diz que está firme como as pirâmides. Quer dizer que ainda não caiu, mas está em ruínas.
4 - Da presidente Dilma: “O ministro Haddad, que vai deixar o meu governo e vai enfrentar uma nova realidade, merece o reconhecimento do nosso governo. Foi ele o ministro que resolveu priorizar da pré-escola à pós-graduação”.
Dilma, como gerente, sabe perfeitamente que quem prioriza tudo não prioriza nada.
O partido dos eus sozinhos
Aquela frase clássica, de que o PSDB era um partido de amigos formado apenas por inimigos, perdeu o sentido. Daqui a pouco, nos banquetes do partido, será aconselhável não incluir facas entre os talheres.
Aécio é o favorito para ser candidato à Presidência, mas Serra também quer, e se não for irá no mínimo cruzar os braços; Alckmin também quer, e se não for vai apoiar algum adversário; Aécio, na improvável hipótese de não ser o candidato, fará pelo escolhido a mesma campanha que faz desde 2002 - a partir de 31 de fevereiro.
A coisa está tão séria que nem os aliados aceitam mais o jogo. Buscam novos parceiros.
O exemplo paulistano
A Prefeitura de São Paulo é um caso notável: o PSDB tem cinco candidatos, um que não quer e todos querem e quatro que querem e não têm chance. E por que Serra não quer, quando partido e aliados, apesar de tudo, o querem?
Porque sabe que o governador Alckmin vai largar o candidato do PSDB e apoiar de verdade seu velho amigo Gabriel Chalita, do PMDB. Alckmin dedica seu tempo a limar os amigos (pasme: existem!) de Serra. Nas horas vagas, tenta queimar o prefeito (e, supostamente, seu aliado) Gilberto Kassab. Kassab, político hábil, buscou contato com Lula e embolou o jogo. Alckmin não abandonará Chalita. Mas seu apoio será muito menor do que imaginava ao iniciar suas manobras.
O fogão da Meritíssima
A luta de Eliana Calmon, ministra do Superior Tribunal de Justiça e presidente do Conselho Nacional de Justiça, não se dirige apenas contra irregularidades eventualmente cometidas por magistrados: é também contra o glúten. Informa o boletim oficial do STJ, preparado pela Coordenadoria de Editoria e Imprensa, que saiu a nona edição do livro culinário Receitas Especiais, de autoria da ministra. Diz o boletim oficial: “Nova edição de Receitas Especiais, livro culinário de Eliana Calmon, traz receitas sem glúten”.
“Saiu a 9ª edição do livro da ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon - Receitas Especiais - REsp. Em dez anos, a nona edição do REsp, 367 páginas, traz novas receitas, novas dicas e uma novidade: receitas sem glúten. O livro pode ser encontrado no gabinete da ministra pelo preço de R$ 30. Os valores arrecadados vão para a Creche Vovó Zoraide, em Uberaba (MG).”
O lugar dos cabelos
A bancada do PT na Câmara Federal se reúne nesta terça para decidir quem será seu líder nos próximos dois anos. Os candidatos são o paulista Jilmar Tatto e o cearense José Guimarães. Tatto era do grupo de Marta Suplicy, mas assim que Lula decretou que o candidato em São Paulo seria Fernando Haddad virou haddadista desde criança - já deve até estar cuidando mais carinhosamente do penteado. Guimarães é irmão de José Genoíno; e o cavalheiro surpreendido no aeroporto de Congonhas com 100 mil dólares na cueca era seu assessor. A história cheirou mal, mas nunca foi esclarecida.
E, como disse a seu filho Tito o imperador romano Vespasiano, “pecunia non olet” - dinheiro não tem cheiro.
O ócio e o negócio
Muita gente está irritada com a decisão oficial de pagar a operação de quem implantou próteses de silicone por motivos estéticos. Que é que tem o Tesouro com isso?
Lamentavelmente, tudo: seja qual for o motivo da prótese, o cliente tem o direito de esperar que o produto que usa seja homologado pelos órgãos oficiais. O paciente, como o comprador de um carro, não conhece tecnologia: presume que, se está no mercado, o produto tem certo padrão de qualidade. O Governo não fez o que devia? Que pague a conta - e quem a paga somos nós.
*Carlos Brickmann é jornalista