Perdoar não é uma atitude fácil, mas é o caminho humano para a convivência saudável, cheia de luz e encantos. Graças à humildade de quem perdoa o mundo se torna melhor toda vez que perdoamos a quem precisa. Perdoar é um gesto de amor puro, de compreensão e de extrema sabedoria, mas não é livrar da pena que foi imposta pela Justiça dos homens. Quem não possui em suas rotinas diárias o dom de perdoar é um perdedor de oportunidades sábias.
A prática do perdão enobrece quem perdoa e faz do perdoado um arrependido, que precisava refazer-se da angústia pela ausência de equilíbrio. Não podemos de forma alguma carregar dentro de nós resíduos de mágoas ou lixos de amarguras. São males inadmissíveis para qualquer vivente que tem promessa de vida com dignidade. Quem perdoa alcança a graça da benevolência e quem é perdoado retira dos punhos os grilhões da infelicidade.
Precisamos viver de forma livre, coração aberto, prontos para exercer a prática do bem. Exceto as seitas escabrosas, todas as religiões pregam e defende a prática do perdão, essa coisa sublime deixada por Cristo em todas as Suas ações e pregações feitas e posteriormente defendidas em todo o espaço terrestre pelos seus primeiros onze seguidores.
Quem perdoa expulsa o veneno da nódoa e do rancor absorvidos por atos impensados, que como ferrugem destrói a pureza própria dos que foram educados com preceitos religiosos sadios. Quem não perdoa não consegue libertar-se do incômodo sofrido e repetidas vezes se amargura pelo que já deveria ter expulsado de sua vida. Ao revés, acaba procurando um novo culpado para poder se vingar, aumentando, ainda mais, o processo desnecessário e imprudente da ira.
Perdoar é ser compreensivo. É evitar julgamentos precipitados e inadequados. Não fomos preparados para realizar juízos de outrem e jamais seríamos competentes para isso. Dificilmente uma pessoa realiza uma apreciação crítica sobre outro e não comete injustiças. Prova disso são as cadeias lotadas de inocentes com os verdadeiros culpados do lado de fora, engravatados. Pior ainda, nos representando em Casas Públicas e de Justiça.
O perdão muda nosso estado de alma porque é um feliz encontro com nossa sabedoria. Você se torna maior quando aprende a perdoar. Você se torna uma pessoa livre quando escolhe o tempo para que ele julgue, ele sim sabe reconstruir a razão da ofensa e dá ao ofensor a oportunidade de reconciliar-se.
O perdão é um gesto gratuito sem o qual continuaríamos diabéticos de sabedoria, depressivos de fé e enfartados de compaixão. Seriamos doentes inoportunos e desumanos. A ausência do perdão é um sentimento negativo, uma energia venenosa que se transforma em males cruéis, insônias e agressividades. Quem não perdoa odeia a caridade e vive no azedume da crítica, fere o coração e morre aos poucos.
O perdão é o pão da vida, porque é o amor sem medida. É o perdão que possibilita a fraternidade e a boa qualidade do relacionamento humano. Quantas vezes for preciso, perdoe. Mas perdoe mesmo, de verdade. Isso te purifica e te torna um vencedor. Perdoar é um processo mental e espiritual de cessar o ressentimento contra o semelhante ou contra si mesmo, decorrente de ato impensado praticado.
O perdão é concedido de forma intencional e sem qualquer expectativa de compensação, ocorrendo, muitas vezes, sem o conhecimento do perdoado. Você perdoa, não o infrator é perdoado. Isso é um gesto seu. Raríssimas vezes o perdoado sabe que recebeu a bênção do perdão, a ignorância pode não lhe ter permitido.
O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração, é sincero e generoso e não fere o amor próprio de nenhum de nós, nem tampouco impõe condições humilhantes. Quem perdoa renasce para uma vida de júbilos e demonstra que tem dentro de si um pedacinho de Deus.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho - manuel-ruiz@uol.com.br