Muitas pessoas passam a vida inteira presas ao passado, remoendo coisas que já deveriam ter sido superadas. Desentendimentos com familiares, amigos ou colegas de trabalho que aconteceram num tempo distante, mas ainda insistem em tomar conta da mente. Sentimentos desnecessários cultivados por um único motivo: a incapacidade de perdoar. Entra ano, sai ano, e mesmo assim algo ainda incomoda. Isso significa que a ferida continua aberta causando uma dor que precisa de tratamento. Basta um simples comentário, um pensamento solitário ou um encontro casual para reascender tudo que estava adormecido. O dia parece perder o brilho e o sorriso farto é substituído pela testa franzida, demonstrando que a raiva está ali depositada e rendendo juros altos.
Na verdade, a vida é comparável a um banco nesses momentos, onde depositamos todos os nossos sentimentos, sejam eles bons ou ruins. As duas sensações irão lutar entre si o tempo todo e caso o maior depósito seja destinado à conta do rancor, certamente os dividendos ruins hão de prevalecer em detrimento do amor.
Quantas pessoas continuam persistindo nesse mal, vivendo atormentadas com as rusgas do passado, por achar que recuar é um ato de covardia. Seres humanos que ao invés de procurar se libertar dessas amarras pensam estar faturando alto com o rendimento dessa aplicação que impede a evolução. Pessoas que se sentem incapazes de estender a mão, de olhar dentro dos olhos do seu semelhante e perdoar para subir mais um degrau na escalada da vida. Pessoas que pensam ser impossível voltar atrás em uma decisão, porque continuam com a mente bloqueada pela falta de humildade de reconhecer que é possível recomeçar. Pais e filhos que agem como se fossem estranhos depois de crescerem juntos, distanciam-se uns dos outros por décadas em razão do orgulho.
Às vezes preferem fechar os olhos, e não aceitam a ideia de que uma nova página precisa ser escrita, caso contrário um vazio existencial persistirá por muito tempo.
Acredito que não deve ser fácil, porém, será imprescindível investir nos bons sentimentos, para transformar essa sombra numa luz que ilumina uma nova estrada a ser explorada. Lembremos: quando dermos uma volta ao passado, não nos esqueçamos de ir sem bagagem, resgatar somente o que há de bom e voltar o quanto antes para que a vida tenha sentido. Pedir perdão é um ato de coragem e a chave para a liberdade. Pensemos nisso.
José Carlos do Lazão - vereador - Votuporanga