Numa outra encarnação que não sei quando torço para que tudo seja diferente. Pelo menos comigo. Quero ter o prazer de dirigir uma cidade do meu jeito. E como quero. Vou fazer as coisas da forma que acho coerente. Para mim? Não. Para todos. Minha cidade será um exemplo. Uma nova concepção de vida e respeito com todos os munícipes. Na minha gestão o funcionalismo público terá que ser público mesmo senão expurgo para o setor privado. Terá que produzir para a população ganhando salários compatíveis como a maioria do povo, mas sem aquela de que enquanto um trabalha três fiscalizam. Os quatro fiscalizam e os quatro trabalham. Também não vou aceitar de forma alguma que grupos de privilegiados ‘comprem’ grande número de terrenos em loteamentos destinados ao povo de baixa renda e depois repassem para os que realmente necessitam por valores adulterados. Assim é fácil ganhar, não é? Exploração no meu governo, jamais. Na minha cidade as pessoas que tiverem mais de 60 anos terão uma oportunidade ímpar de manter a dignidade trabalhando. Ao invés de dar empregos para novatos que não têm vontade nenhuma de fazer algo, vou privilegiar quem precisa. Esses novatos que vão plantar batatas. Eu falo desses que no trabalho só vivem perguntando de suas férias, seus décimos terceiros e de suas licenças de saúde prorrogadas. Pois então, os sessentões terão direitos de trabalho na minha cidade. Divido a cidade em setores (de quatro a seis quarteirões cada) e darei aos sexagenários o direito de perceberem um salário todo mês durante um ano. Com certeza, emprego a maioria deles. Já no ano seguinte eles terão que dar a oportunidade a outros abdicando dos seus cargos. Mas voltam para casa com 13 salários na algibeira. Depois voltam em rodízio se assim tiverem oportunidade. Com isso todos terão direito a custear suas necessidades primárias e não depender de outras pessoas como a realidade nos tem mostrado. Você deve estar imaginando como eu legalizaria isso não é? Pois é, isso seria problema da área jurídica. Problema deles, não meu. Eu iria devolver ao idoso a dignidade roubada, coisa que nesta encarnação a miopia atrapalha. Tem mais, todas as empresas da minha cidade que contratassem pessoas nessa idade previamente cadastradas teriam direito a descontos no IPTU, no ISSQN ou coisa parecida. Na minha gestão o idoso não seria considerado um estorvo. Do contrário, seria um trabalhador produzindo riquezas como todos. Faria valer aqui respeito idêntico ao que o cidadão nessa faixa de idade tem no Japão. Lá não é desperdiçada a experiência e sabedoria. As pessoas que dirigem nossa nação não têm a sensibilidade de entender que por falta de informação e oportunidade os idosos se abstiveram de um plano de aposentadoria que lhes resguardasse o futuro. Continuam mendigando assistência médica o tempo todo. São maltratados pelo sistema. No que eu iria ocupá-los? Ah sim... Muito fácil. Fariam a limpeza pública que as empresas contratadas não realizam. Molhariam as plantas que existem em todos os jardins públicos que só veem água nas inaugurações ou quando chove. Limpariam calçadas. Fariam serviços de limpeza onde a imundície reclama isso. Desentupiriam esses bueiros algozes dos contratempos climáticos. Ah.... Mais uma coisa. Na minha gestão seria sorteada e presenteada uma casa por bairro que mantivesse sua frente com impecável limpeza, inclusive sarjeta. Naquele mês essa residência receberia um prêmio em dinheiro no mesmo valor de sua contribuição mensal do IPTU. Eu sonho com cidade limpa e povo honesto. Claro que a minha cidade te pareceu cômica, mas tenha certeza que é muito melhor que a sua.
Professor MSc. Manuel Ruiz Filho - Votuporanga - manuel-ruiz@uol.com.br