Meu namorado tem uma fala que gosta muito de proferir, quando se decepciona com as pessoas: “quanto mais eu conheço o ser humano, mais eu gosto do meu cachorro (que não tenho, complementa ele)!”, e a gente acaba dando risada juntos. É o caso de rir para não chorar.
Todos somos falíveis, às vezes decepcionamos as pessoas que convivem conosco, por uma falta simples, uma palavra distorcida ou proferida em hora errada, uma ausência, e por tantas outras pequenas coisas, às vezes sem que percebamos que estamos ferindo e magoando alguém. Não somos anjos, nem santos, claro que não. Mas não sejamos nunca falsos e hipócritas.
Se acaso nos damos conta de que agimos mal com alguém, temos que rapidamente nos desculpar e procurarmos nos retratar com a pessoa a qual, inadvertidamente, ferimos ou magoamos. O saudável para qualquer relacionamento humano é a franqueza, que deve ser sempre recíproca.
Agora, decepção da gorda, daquela que dói na gente, é descobrir que uma pessoa a qual sempre tratamos bem, ajudamos sempre que pudemos, incentivamos a crescer, enfim, fala mal de nós para os outros. É o famoso “duas caras”. Na nossa frente é toda gentileza, sorrisos e simpatia. Por trás, é nosso inimigo, detrator, maledicente.
Que coisa! Passei por essa experiência algumas vezes, mas superei, e não seria por falha de caráter de algum parente ou falsa amiga que tivesse me decepcionado, que eu me fecharia e não confiaria em mais ninguém. Diante de uma descoberta dessas há duas opções: ou você entra no jogo da pessoa e tenta ser tão falsa quanto ela própria, coisa dificílima para quem sempre joga limpo, ou simplesmente rompe relações com essa pessoa, eliminando-a do seu convívio, do seu Orkut, do seu celular e da sua vida.
Recentemente aconteceu isso comigo e, magoada, “apaguei” a pessoa de vez, para mim ela não existe mais, não me engana novamente com as suas falsidades. Pensei que o caso estava encerrado. Daí, quando essa pessoa telefona para mim como se nada tivesse se passado entre nós, eu não resisti e desabafei com a Maria, que foi quem felizmente atendeu ao telefonema.
“Puxa vida”, eu disse. Eu não entendo a “cara-de-pau” de certas pessoas. “Pior, essa pessoa foi uma decepção para mim, sempre a tratei muito bem, ajudei quando e quanto pude, e ainda descubro que parece ter raiva de mim.” E, me responde a Maria, na sua simplicidade e sabedoria: “e não é sempre assim, Norma? As pessoas que a gente mais ajuda são quase sempre umas mal agradecidas!” Falou e disse!
Norma Moura é advogada, empresária e estudante - Votuporanga
kairosbrinquedos2009@hotmail.com