Esta semana que passou foi muito conturbada. Os candidatos se matando para encontrar espaços nas avenidas para colocar suas propagandas. O visual das avenidas em todas as cidades está um lixo. Exercícios de ética não têm sido praticados muito não. Os carros de som dos candidatos mais parecem uma farra de rodeio. Cada um quer engolir o outro a fim de mamar mais quatro anos nas tetas de governos irresponsáveis e impunes. Mas é assim mesmo. Político não muda. Aquela história de que vou entrar para servir meu país, meu estado ou minha cidade “c’est fini” há muito tempo. Hoje o buraco é mais embaixo, ou melhor, o segredo dos cofres está menos escondido. Felizmente a Justiça parece ter solicitado que as propagandas fossem retiradas das avenidas para deixar o visual dos canteiros mais agradável. Vamos torcer para que isso prevaleça.
Mas, hoje, eu gostaria mesmo era de falar de outro assunto. Queria falar de limpeza pública, ou melhor, de administração pública. Queria falar de lixo reciclável. Esse lixo que é recolhido nas ruas por pessoas de baixíssima renda, gente humilde, gente marginalizada socialmente. Um catador de lixo reciclável (perguntei a um deles) recebe por dia de trabalho pela coleta que faz de dez a doze reais. Muito pouco. Mas ele recebe só isso porque tem gente que pega o lixo que ele recolhe e ganha o que ele deveria ganhar. São os atravessadores da coleta. Esses não labutam como os fiéis e humilhados catadores, do contrário, vivem no anonimato e não executam limpeza, a não ser a do bolso do trabalhador de rua.
O recolhedor de reciclável deveria receber salário digno pelo que faz, não é verdade? Nosso Poder Executivo deveria pedir orientação ao seu corpo jurídico e solicitar deles que viabilizem meios legais para que o lixo reciclável pudesse ser entregue à Prefeitura e que ela pudesse repassá-lo. Cadastre esses anônimos recolhedores de plásticos, papéis e vidros e dê a eles uma chance de viverem com dignidade com um salário mínimo, no mínimo. Não estou dizendo para que o executivo municipal crie uma bolsa-lixo não, de bolsas-ajudas somos um país campeão, estou dizendo para que aplique verbas sociais que possui em pró de pessoas que trabalham e são explorados por parte da sociedade. Dê também aos trabalhadores uma assistência médica para que não corram riscos de insalubridade. Estaria, com certeza, promovendo uma distribuição justa de serviços sociais e renda, ainda contribuiria para a redução da marginalidade laboral.
Adquira carrinhos apropriados e doe se for possível. Assim que completassem uma quantidade exigida teriam direito a um salário mínimo. Cestas básicas seria outro benefício caso atingissem uma quantidade maior de limpeza. Premie cada trabalhador pela coleta excedente que fez com material escolar para seus filhos. A empresa que faz a coleta de lixo comum em Votuporanga não foi homologada como a vencedora para o serviço, mas executa com dignidade o trabalho. A vencedora da licitação (não se sabe como) não tinha condições para assumir as tarefas e aguarda tempo para ser desclassificada. Por que essa condição não foi cláusula eliminatória da licitação? Será que alguém tinha interesse que ela vencesse a licitação para depois exercer poder de negociação com a que executa? Sei não... Isso me cheira mal. Tem coisas que a gente não consegue entender e acaba fazendo suposições estranhas.
Mas, vezes há que acabamos acertando nas suposições. Já está passando da hora de pensar um pouco no assunto do lixo reciclável. Que o poder púbico faça as coisas da forma que lhe seja mais plausível, mas não deixe de assistir a esse povo sofrido que colabora anonimamente com a administração na limpeza. Ah... Não se esqueça também de pedir a eles que no Paço Municipal não há necessidade de recolher nada não... Vai que eles aparecem lá e acabam recolhendo gente que não faz outra coisa a não ser se coçar!!!
Professor M.Sc. Manuel Ruiz Filho - manuel-ruiz@uol.com.br
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