Se perguntarmos a qualquer criança ou adolescente que palavras lhe vêm à cabeça quando pronunciamos o termo Política, certamente receberemos como resposta corrupção, interesses individuais, desvio de verbas públicas...
Essa visão da política é reforçada constantemente pelos meios de comunicação, criando um senso comum negativo em torno dessa atividade. E a escola, como reage diante desse assunto?
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, publicados pelo Ministério da Educação, um dos objetivos fundamentais do Ensino Fundamental é que os alunos sejam capazes de “compreender a cidadania como participação social e política, assim como exercício de direitos e deveres políticos, civis e sociais”.
Mas como garantir esse objetivo com alunos de seis a catorze anos de idade? Quais as possibilidades de educação política dessas crianças e adolescentes?
Nos anos iniciais do Ensino Fundamental o trabalho das diversas disciplinas pode envolver assuntos que remetem para a questão da cidadania - direitos da criança, trabalho infantil, cuidados com o ambiente – bem como a construção de noções básicas em torno da participação política, como direito de voto e divisão de poderes.
Nos anos finais do Ensino Fundamental o trabalho pode ser ampliado com a construção de conceitos como cidadania, democracia, ditadura, monarquia, república, classes sociais e Estado. Tal trabalho tem como ponto de partida as disciplinas de História e Geografia, mas se expande para as demais por meio de temas transversais, como Ética, Meio Ambiente e Pluralidade Cultural.
Para garantir a construção significativa de conceitos e atitudes ligados à participação social e política é importante propor ao aluno situações-problema em que ele perceba que, em diferentes tempos e espaços, as sociedades criaram formas diversas de organização política visando equacionar elementos da vida coletiva, como educação, saúde, transporte, alimentação, segurança e lazer.
Enfim, o objetivo principal da Educação Política no Ensino Fundamental deve ser a rediscussão do senso comum negativo presente nos meios de comunicação e a construção de novos significados que apontem para a política como um elemento essencial da vida em sociedade.
Ricardo Dreguer é professor da rede pública e privada de ensino. Coordenador de Cursos de Formação Continuada de Professores. Autor de obras didáticas voltados para o ensino de História