Estive no Velório Municipal "Aldo Zara" no último domingo, para prestar a minha singela homenagem a toda família do amigo João Carlos Ferreira, e levar pelo menos uma palavra de conforto que pudesse aliviar a dor de uma perda irreparável.
Seu grande ídolo, o Sr. Altino Ferreira, que ficara viúvo aos 30 anos, teve de assumir o papel de pai e mãe de quatro crianças com idade entre onze e quatro anos. Penso que os meninos e meninas, não sabiam exatamente o que se passava naquele instante, até pela pouca idade.
Perderam naquele momento crucial da vida de uma criança, o porto seguro do colo da querida mãe que foi morar junto com Deus.
Com o passar do tempo, tiveram de aprender a duras penas que amadurecer era necessário, pois a vida pedia pressa no retorno para escola e aos afazeres mais simples. Acredito que ninguém saberá descrever com detalhes, como essa família maravilhosa se reconstruiu e voltou a sorrir novamente diante de uma vida que perdera o brilho mesmo nos dias mais ensolarados.
Sentindo-se sozinho, imagino, pois o golpe havia sido duro demais, buscou forças num coração dilacerado e no poder de Deus, para entender que a vida não podia manter um luto prolongado, e sim tentar encontrar o quanto antes um sentido maior para encaminhar os pupilos e cumprir bem sua missão.
Chegando ao local da partida, a palavra coragem foi a única que veio na minha boca, com o único propósito de tentar minimizar um sentimento de vazio estampados nos rostos e nos olhos dos que ficaram.
Fiquei num canto reflexivo por um tempo, procurando digerir que chegou mesmo a hora da despedida, tentando imaginar as tantas experiências vividas pela família Ferreira a procura do lado bom da vida mesmo sem a outra metade do todo.
Nesse breve período de encontro com Deus, difícil não lembrar de outros que partiram e deixaram uma saudade do tamanho o universo. Aliada a essa experiência tão difícil que somente quem passou sabe dizer, a retomada deve ser vista como algo inevitável. Será preciso entusiasmo novamente e se interessar por novas situações da vida em família.
E eu ali, hora sozinho, hora com amigos, hora com alguém da família, revivendo um filme com as mesmas cenas que mistura dor e saudade de um ser único, porém com pessoas diferentes.
Aceitar que depois da ruptura, a vida vai cobrar de cada um, a disposição para dar continuidade em novos projetos, mesmo com um prato a menos na mesa nos dias de domingo.
Cada um no seu íntimo, tem seu entendimento sobre esse fenômeno da existência humana, que nos mostra claramente que a morte faz parte da vida de cada ser que passa por esse planeta.
Como nós sabemos, o tempo vai passar e com ele a certeza de que o Sr. Altino Ferreira já está num bom lugar e grato por ter tido o privilégio de passar por 83 primaveras, com um sorriso sempre presente na face.
Para os familiares, a compreensão será determinante, para aquietar os corações e continuar na caminhada vivendo das muitas e boas recordações de um tempo que passou.
Não poderia deixar de ressaltar aqui nesse pequeno texto, o papel da esposa, dona Célia Terezinha, com quem compartilhou novamente, toda uma vida de momentos importantes que ficarão para a eternidade.
Meus sinceros votos de pesar às minhas amigas de fé Cândida e Vanessa Bortolozo, e um forte abraço a todos os familiares.
José Carlos do Lazão - Vereador