Três estabelecimentos comerciais, além de apartamentos, foram atingidos em um dos maiores incidentes da história recente da cidade
Jociano Garofolo
Uma montanha de entulhos. Foi isso que sobrou do interior de três estabelecimentos comerciais completamente destruídos por um incêndio grandioso que assustou moradores da Zona Norte de Votuporanga no início da tarde de ontem (6). Dezenas de profissionais, entre bombeiros, agentes da Prefeitura, Samu, Defesa Civil e a Polícia Militar se mobilizaram na tentativa de impedir o avanço das chamas, mas o material de alta combustão dificultou o trabalho de combate ao fogo. Segundo informações iniciais, o prédio, que também teve apartamentos residenciais aos fundos atingidos, não está com o alvará regularizado com os bombeiros.
As causas do incêndio serão investigadas após perícia da Polícia Científica. O fogo começou por volta das 12h45. Tudo seguia normalmente na movimentada avenida Emílio Arroyo Hernandes, até que, de maneira rápida e impiedosa, a rotina de funcionários, clientes e proprietários de três empresas localizadas no cruzamento com a rua Nassif Miguel (Kamila Doces e Festas, Look Cosméticos e Madrid Imóveis), mudou rapidamente.
Segundo relatos obtidos no local, uma funcionária da loja de festas se assustou ao ver no fundo do estabelecimento, fogo saindo do aparelho de ar condicionado. Ela buscou ajuda das companheiras de serviço, que perceberam que após um breve estouro, o fogo atingiu materiais inflamáveis, e se alastrou rapidamente.
Em seguida, alcançou a loja de cosméticos, que também possuía grande quantidade de materiais inflamáveis, ao mesmo tempo em que atingiu a imobiliária. Segundo o comandante do Posto do Corpo de Bombeiros de Votuporanga, tenente Alex Brito de Moura, quando as guarnições chegaram ao local e iniciaram o combate ao fogo, não foi possível localizar o foco do incêndio, devido à fumaça que emanava dos imóveis.
"Nós entramos com os equipamentos de proteção respiratória, mas não tinha condições de visibilidade devido à fumaça ser muito densa e muito escura. Tentamos fazer o combate, mas devido à grande quantidade de material inflamável, não foi possível fazer uma ação diretamente nas chamas e acabou pegando fogo em praticamente toda a edificação".
Explosões
No auge do incêndio, foram ouvidas várias explosões, principalmente na loja de cosméticos. Em determinado momento, vidros de esmalte eram arremessados longe e explodiam ao bater contra o asfalto da rua Nassif Miguel. Ao fim restou uma montanha de destroços e material queimado.
Falta de ar
Durante o exaustivo trabalho de combate ao fogo, alguns bombeiros passaram mal. Um deles, o sargento De Paula, teve desidratação e foi socorrido até o Pronto Socorro da Santa Casa. Outros, como o sargento Santoro, um dos mais experientes da tropa, precisou receber oxigênio. A cena se repetiu com vários outros bombeiros.
"Quando estavam fazendo o combate ao incêndio, faltou o ar, devido ao esforço físico. Houve a necessidade de alguns bombeiros fazerem o tratamento com oxigênio, mas nada muito grave. O fardamento é muito pesado, mas faz parte da nossa rotina", disse o tenente Brito.
Falta de alvará
As causas serão investigadas pela Polícia Civil, após a conclusão da perícia. "Pode ser falha elétrica, mas tudo será investigado. A loja do centro (Kamila Doces e Festas) continha bastante material combustível. Uma das questões que será avaliada agora se refere ao alvará de segurança dos bombeiros.
Segundo o tenente Brito, a situação do alvará do Corpo de Bombeiros não estava normalizada. O pedido foi feito, um bombeiro foi até o local para fazer a vistoria e pediu que alguns itens de segurança fossem modificados, o que não teria sido feito. E isso, segundo ele, pode ter contribuído com o alastramento do fogo.
Apartamento
Além dos três estabelecimentos comerciais, o prédio também abriga apartamentos residenciais aos fundos, o Vilar II. Durante boa parte dos trabalhos, houve a expectativa de que um morador estivesse no interior do imóvel, mas isso não se confirmou. Apenas um cômodo foi atingido, mas todo o piso foi comprometido. "Um engenheiro da Prefeitura vai avaliar, mas por enquanto, nenhum morador relatou a falta de alguma pessoa, não há desaparecidos".
No total, cerca de 20 bombeiros das cidades de Fernandópolis, Rio Preto e Valentim Gentil, além de Votuporanga, trabalharam na operação. Também participaram ativamente a Polícia Militar (comandada pelo capitão Edson Fávero), a Secretaria de Trânsito (que interditou um trecho da avenida durante boa parte do dia), Saev (que enviou vários caminhões com água), usinas da região, e a empresa Facchini. "O pessoal realmente ajudou, tentamos fazer o máximo que a gente podia, a fumaça estava muito densa no começo, infelizmente não conseguimos chegar ao foco e conter de imediato. Podemos falar em mais de 100 mil litros da água usados", finalizou o tenente Alex Brito.