Durante anos, parentes visitaram jazigo acreditando que lá estaria ente querido; audiência do caso aconteceu nesta semana
Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
Uma família de Votuporanga está insatisfeita com o atendimento prestado pela equipe do Cemitério Parque Jardim das Flores. Segundo eles, os restos mortais que deveriam estar em um jazigo, foram encontrados em outro. O caso está na Justiça de Votuporanga que, nesta semana, já ouviu as partes envolvidas. Uma nova audiência será marcada em breve.
Em nome da família, o professor André Luiz Garcia, 41 anos, esteve no jornal A Cidade na tarde de sexta-feira, falando sobre o ocorrido.
Em 9 de setembro de 2007, faleceu sua sobrinha, Aline Martins Garcia, 21 anos, em casa, vítima de parada cardíaca.
Como a morte pegou a todos de surpresa, a família, na época, não tinha condições de providenciar um jazigo como gostariam. Foi oferecida, então, uma gaveta, no Cemitério Municipal de Votuporanga. Entretanto, caberia à família, retirar os restos mortais após três anos. “Era como se fosse emprestado o espaço”, explicou Garcia.
Em 2010, com melhores condições financeiras, a família conseguiu fazer o translado do Cemitério Municipal para o Cemitério Parque Jardim das Flores. A família adquiriu uma urna de acrílico por R$ 120, para serem colocados os ossos, e comprou o jazigo n.º 947.
Entretanto, o espaço adquirido não possibilitava que fosse construído um túmulo de mármore, semelhante aos verificados no Cemitério Municipal, onde existe a identificação da pessoa que morreu através de foto e data de nascimento e de morte. Sendo assim, a família comprou uma sepultura simples, como segue a proposta do Cemitério Parque.
Em setembro de 2012, a família adquiriu um jazigo como desejava, por R$ 7.276, dentro do Cemitério Parque. O número foi o de 3.333. Foi marcado novamente o traslado.
Chegando para iniciar os trabalhos, os funcionários da empresa teriam dito que abririam o túmulo de número 955. A mãe afirmava que a filha estava na de 947.
Procura
Foi aberto o túmulo de número 955. Os familiares ficaram espantados quando viram que havia um caixão branco no local.
A mãe solicitou que fosse aberta a cova de número 947. Para espanto dos familiares, a cova no qual a família sempre visitou pensando que estaria Aline, havia um saco de lixo preto, com ossos, quando se era esperado uma urna.
“Onde estava a urna que havíamos comprado? Sempre fomos neste número visitar, fazer nossas orações, e não era a pessoa que pensávamos que estava ali. Foi um momento de desespero”, disse André.
Vendo o desespero da mãe em saber onde estavam os restos mortais da filha, os funcionários começaram a abrir alguns túmulos. Na de número 957, estava a urna.
Identificação
Com a urna semelhante ao que a família havia adquirido, restava a dúvida: seria aqueles os restos mortais de Aline?
André disse que abriu a urna e pegou o crânio da sobrinha. Somente identificou que seria ela porque a jovem não tinha um dente na frente e a roupa que fora sepultada era rosa.
A família estava indignada por saber ainda que no número 957 constava no banco de dados do cemitério que seria uma mulher chamada “Antônia”, que estaria enterrada no local.
No mesmo dia, o enterro dos restos mortais foi feito no túmulo 3.333, como a família desejava.