Afirmação é do médico João Paulo Pedroso, que implantou projeto de conscientização dos usuários em Votuporanga
João Paulo faz parte do projeto “Saúde Cidadã”
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Para o médico João Paulo Pedroso, o paciente está quebrando o SUS (Sistema Único de Saúde). O motivo é a falta de informação e discernimento sobre como funciona a rede de saúde. “Estamos tendo um retrabalho enorme. A pessoa vai quatro, cinco vezes, na UPA (Unidade de Pronto Atendimento), liga várias vezes no Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência). Ela está perdida no fluxo por falta de informação e de conhecimento, por falta de discernimento para onde vai. Isso gera uma reconsulta, retrabalho e você onera o sistema que já é precário”, ressaltou. Ele esteve na sessão ordinária de segunda-feira, na Câmara Municipal.
João Paulo faz parte do projeto “Saúde Cidadã” que tem a função de tentar capacitar pessoas, multiplicar informações para educar a população a tentar usar o SUS efetivamente. “Estamos passando uma fase difícil, os municípios estão investindo muito na saúde e a Federação deixa a desejar neste aspecto”, afirmou.
Para ele, essa oneração pode quebrar a saúde em um curto prazo. “Não há orçamento que resista a tanta gente querendo passar nestas unidades de saúde. A missão nossa é passar a gravidade do Sistema Único de Saúde e a falta de remuneração que o sistema vive no momento. Vamos ter um colapso, o SUS pede socorro, vive um momento difícil, os municípios arcam com 15% (Votuporanga 20%), Estado 12% e a Federação seria 10%”, reforçou.
Saúde Cidadã
O médico enfatizou que o projeto veio da necessidade, quando a Prefeitura de Votuporanga inaugurou duas unidades : o Samu e a UPA, onde gerou um conflito na cabeça dos usuários do SUS. “Precisamos redimensionar e reavaliar uma situação para a comunidade de como essas ferramentas novas poderiam ser utilizadas”, disse.
Para a proposta, foi utilizada a Carta dos Direitos dos Usuários dos SUS, documento do Ministério da Saúde. “O próprio Ministério entendeu que a população não sabia nada sobre o SUS. Um por cento da população brasileira sabe o que é sistema. Isso está muito longe de explicar para a comunidade, para explicar para parte politica, de gestão como está o nosso SUS”, ressaltou.
Na Carta estão todas ações de cidadania e educação em saúde que o usuário precisa ter. “Se não tivermos noções de cidadania, vamos ter dificuldade enorme de operar o sistema que hoje trabalha de forma deficitário”, enfatizou.
O Ministério da Saúde elencou seis princípios no documento: o usuário tem que ter acesso livre e organizado; tratamento adequado, efetivo; atendimento acolhedor, livre de discriminação, que respeitasse o valor e os direitos dos pacientes e a responsabilidade que o cidadão deve ter para que o tratamento seja de forma adequada e o município oferecer unidades, sistema para que o usuário use. “Em Votuporanga, temos uma rede que faz vista para outras cidades. Mas a nossa saúde não está legal. Temos unidades boas, fortes, mas má informação do usuário e má distribuição dos pacientes. Não estamos sabendo fazer triagem no fluxo”, frisou.
João Paulo entregou uma cartilha sobre o SUS pra cada vereador. “A partir de hoje, vocês serão multiplicadores do projeto”, finalizou.