Padres enxergam renúncia como ato de coragem
Karolline Bianconi
O padre Gilmar Margotto vê a renúncia do Papa como um gesto de humildade e coragem. “Podemos perceber que ele está com sua saúde debilitada. Por ser de extrema importância sua presença na Igreja, ele renunciou por se achar no limite”, destacou.
Para ele, o espanto dos fiéis ocorreu porque não havia um caso recente na história da igreja. “Temos que respeitar esta decisão, porque ele fez um exame de consciência”, disse.
Ele acredita que, como todos os cardeais podem votar e ser votados, possam existir candidatos do Brasil ao cargo. Porém, não acha que será neste momento que alguma autoridade católica do país seja escolhida.
O padre Geomar Alves dos Santos, que ainda está de licença médica da Igreja Santa Luzia, acredita nas palavras do Papa Bento XVI: “depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino. Estou bem consciente de que este ministério, pela sua essência espiritual, deve ser cumprido não só com as obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando”.
“Ele está dizendo a verdade, e isso é um ato de coragem da parte dele, de assumir esta fraqueza humana”, destacou.
Para ele, o fato de renunciar ao cargo mais alto da igreja foi de amor. “Isto está previsto na lei da Igreja, mas a pessoa que faz isso tem uma grande bravura”, frisou.
O padre Marcio Tadeu de Camargo responde pela Igreja Senhor Bom Jesus. Ele também é assessor da Pastoral da Comunicação da Diocese. Ele enviou a respectiva nota: “com toda a Igreja no mundo, recebemos com surpresa o anúncio da renúncia do Papa Bento XVI. Mas, com a mesma disposição que acolhemos seu pontificado, recebemos sua renúncia, rogando a Luz de Cristo para seu sucessor”.
Conhecendo o Papa
O padre Gilmar Margotto contou que esteve com o Papa João Paulo II, em Brasília, quando este visitou o Brasil pela segunda vez. Na época, Margotto era seminarista. Em 2004, foi a vez dele conhecer o Papa Bento XVI, quando esteve com o ex-bispo de Rio Preto, Dom Orani, em Roma. Na ocasião, esteve em uma sala de audiência, próximo ao Papa.
Já o padre Geomar esteve com o Papa João Paulo II na Itália, em 1990, quando participou de uma audiência privada. Conversou por 20 minutos e recebeu de suas mãos um terço. “Foi um presente dele para minha mãe”, destacou.
Geomar descreve que estar frente a frente com o Papa, que é a autoridade máxima da Igreja Católica no mundo todo, é de respeito e reverência. “Apesar de não ter conhecido o Papa Bento XVI, fico honrado por ter visto o João Paulo II. Este é um momento inesquecível na vida de um cristão, não há como descrever”, falou.