Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
Para quem pensa em trabalho infantil e imagina que é uma realidade distante, se
engana. Em Votuporanga, 146 crianças e adolescentes de 115 famílias são atendidas no Peti (Programa de Erradicação do Trabalho Infantil). A maioria está na faixa dos 15 e 16 anos.
O Programa de Erradicação do Trabalho Infantil articula um conjunto de ações
visando a retirada de crianças e adolescentes de até 16 anos das práticas de trabalho infantil, exceto na condição de aprendiz a partir de 14 anos.
A coordenadora do Creas (Centro de Referência Especializado da Assistência Social), Iara Rosane da Costa Rufato, apresentou dados do trabalho infantil no município ontem, durante evento para comemorar o “Dia Mundial de Combate ao Trabalho Infantil”. "Trabalhamos com faixa etária de 6 a 17 anos, mas isso inclui adolescentes no programa aprendiz", disse.
Ela também exibiu gráficos com a escolaridade. "O número de 21% de adolescentes de 15 anos que trabalham, diminui para 12% nos que estudam na primeira série do Ensino Médio. 8% dos nossos atendidos não frequentam escola. Isso demonstra evasão escolar dos adolescentes", complementou.
Com relação ao gênero, a maioria é masculino. "Temos 56% de meninos e 44% de meninas. Já a renda familiar, 42% recebem um salário mínimo, 44%, até dois salários, 11% até três e 3%, acima de três", destacou.
Iara também disse que a maioria das crianças (27%) que trabalham moram em
residências com até cinco pessoas. "24% convivem em quatro cidadãos na mesma casa e 24%, com três. Se na casa tem cinco, é certeza que há adultos que devem trabalhar", frisou.
Na cidade, há cinco núcleos de Peti: Cras Sul (Centro de Referência da Assistência Social), Cras Norte, Centro Social e Casa da Criança. "A gente atendeu um caso que me comoveu de uma menina que estudava e a tarde cuidava de uma idosa. Fomos conversar com a mãe e ela nos disse que a criança recebia R$ 150 por mês para fazer o
serviço. Um adulto ganharia de R$ 500 a R$ 800. Demos a sugestão dela trabalhar
com a senhora, enquanto a menina ficava no núcleo", contou.
A coordenadora disse que a mãe ficou dois meses como cuidadora, enquanto a filha estava há quase um ano no serviço. "A mãe disse que era muito difícil, mas deixou a menina com a gente no núcleo", emendou.