O A Cidade conversou com Guilherme Gustavo Lui, consultor de negócios do Sebrae de Votuporanga
O A Cidade conversou com Guilherme Gustavo Lui, consultor de negócios do Sebrae de Votuporanga (Foto: Sebrae-SP)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga tem ganhado, nos últimos anos, muitas franquias. Diversas marcas conhecidas já tentaram se firmar no município, mas acabaram fechando as portas – algumas em poucos meses, outras após alguns anos de funcionamento. Para entender melhor os motivos por trás dessa dificuldade em manter negócios franqueados no município, o
A Cidade conversou com Guilherme Gustavo Lui, consultor de negócios do Sebrae de Votuporanga, que fez importantes esclarecimentos sobre o cenário local e compartilhou dicas valiosas para quem pretende investir em uma franquia e quer evitar os erros mais comuns.
1 – A Cidade – Existe alguma explicação para os fracassos de franquias em Votuporanga?
Guilherme Gustavo Lui – Podemos ter os mais diversos motivos e explicações possíveis. Podem variar deste decisões estratégicas dos proprietários, passando por momentos econômicos até chegarmos ao mais recorrente motivo que aflige às MPEs (Micro e Pequenas Empresas): planejamento.
A franquia é um modelo de negócio, ou seja, é uma forma, uma maneira, é um formato de empresa. E o formato consiste em: o direito de uso de marca e forma de trabalhar (chamamos isso de operação) é licenciado ao empresário (franquiado) e ele tem que seguir as regras do franqueador (dono da marca e modelo de empresa). Então, franquia é uma empresa que você compra o direto de empreendê-la, em que a gestão é local, mas as regras (fornecedores, preços, quais produtos, cores, marca etc.) é tudo de quem é o dono da marca – chamado franqueador.
2 – A Cidade – Quais os principais motivos para o fracasso?
Guilherme Gustavo Lui – Muitos empreendem pelo modelo de franquia tendo em mente que pode ser uma forma de empresa mais fácil de gerenciar ou mesmo uma empresa que, por ser franquia, é certeza de sucesso. E isso é um engano.
Mesmo que seja uma franquia, trata-se uma empresa. E isso exige planejamento (financeiro, mercadológico, operacional) para essa empresa, mesmo sendo uma franquia, ela seja viável financeiramente (ou seja, dê lucro) e que tenha mercado consumidor para sustentar essa empresa após a euforia de inauguração.
3 – A Cidade – Quais as dicas do Sebrae-SP para quem pretender abrir uma franquia (ser franquiado)?
Guilherme Gustavo Lui – Planejamento é a palavra de ordem. Planejar envolve entender se a franquia cabe na cidade que deseja, se tem mercado consumidor suficiente, se os custos são sustentados com o volume de vendas (vendas em curto, médio e longo prazo) e ainda geram lucro. Outro ponto é estudar se o franqueador é uma empresa séria, se dá suporte após abertura e como isso é feito. Estude se a cultura local absorve o impacto da empresa – será muito inovador? Será mais uma opção do mercado? Entenda o objetivo de entrada no mercado para isso cause o seu diferencial competitivo.
4 – A Cidade – O que esse futuro empreendedor deve evitar?
Guilherme Gustavo Lui – Euforia e decisões rápidas, baseadas na emoção. Estudar e planejar com calma, dentro da realidade é que faz a diferença.
Planejamento é a palavra de ordem para que se faça um bom investimento em Franquia. Por que é importante isso? Franquia, não é garantia de sucesso sem gestão. A franquia é uma empresa como todas as outras e o que precisa saber se haverá sucesso é se ela encaixa na realidade do mercado que você a quer inserir.
5 – A Cidade – Como saber se determinada franquia é certa para uma cidade como Votuporanga?
Guilherme Gustavo Lui – Não há regra de sucesso ou mesmo um tema que pode ser encaixado como “certo” para que isso tenha sucesso. Há cenários que são positivos e propensos para o sucesso tenha mais chances de acontecer:
1 – Verifique assuntos e temas de negócio que você gosta ou que é de seu conhecimento. Por exemplo: gosto muito de atender pessoas, comércio e serviços é um segmento mais inclinado pra você. Gosto de cozinhar, pense então os temas que podemos desenvolver pra isso: marmitas, doces, restaurantes etc.
2 – Verifique o mercado. Quando falamos em mercado pense: mercado concorrente (quantos tem neste segmento, o que eles fazer, quem é o líder e o que ele fez para chegar até aqui), mercado fornecedor (quem te fornecerá, qual é o custo disso, tem dedicação exclusiva, prazos, custos, etc.) e mercado consumidor (qual é o tamanho desse mercado, qual é o potencial de compra, e forma que esse mercado gosta de atuar (delivery, presencial, etc.).
3 – Faça um plano de negócios! Planeje. Coloque no papel tudo que precisa para abrir, mas faça você mesmo. Vá a campo, pesquise. Visite concorrentes, outras unidades da franquia que pretende abrir. Só você pode ter o 'feeling' do seu negócio.
4 – Após abrir, o mercado mudará e esteja preparado para futuras adaptações e mudanças. Quando o mercado tem um novo entrante, o mercado se ajusta. Concorrentes respondem e os consumidores compram por novidade durantes os 2 ou 3 primeiros meses, após isso, é a realidade. E isso precisa ficar atento para que acontece com viabilidade.