Boa praça, carismático e firme... Conversamos com o novo técnico da Alvinegra, que fez juras de amor a Votuporanga
Fábio Ferreira
Foram 30 minutos de conversa ao telefone com o novo técnico
da Votuporanguense, que minutos antes da ligação ainda estava conferindo
passagens de Goiânia para São José do Rio Preto. Gilberto Pereira, o Gilbertão,
de 51 anos, é aguardado para chegar a Votuporanga hoje e assinar contrato como
técnico do CAV até o fim do Campeonato Paulista da Série A2. Boa praça,
carismático, cheio de histórias e de fala firme, Gilbertão comentou sobre a
situação delicada da Alvinegra e afirmou que vem porque acredita na recuperação
do time.
“Acompanho a Votuporanguense, conheço os jogadores e acho
que a situação do time poderia estar diferente. É só olhar os jogos que a
equipe perdeu. Nossa tabela não está fácil, saímos dois jogos fora agora, um
contra um concorrente de baixo e outro contra um time de cima. Temos que sair
da situação atual por etapas, mas com metas e objetivos”, declarou Gilbertão,
que afirmou ainda que respeita o trabalho de Ito Roque e que só aceitou
negociar com o CAV após o desligamento do treinador.
Para chegar a um acerto com a Alvinegra, Gilbertão abriu mão
do cargo que tinha como funcionário permanente do Atlético Goianiense-GO.
Aliás, foi no clube goiano, em 2015, que Gilbertão dirigiu um time como
treinador pela última vez. A carreira de técnico começou em 2001 pelo ECUS de
Suzano e desde então Gilbertão acumula passagens por diversos clubes,
principalmente dos estados do Paraná e Goiás.
Em São Paulo, além do ECUS, ele comandou o Palmeiras B em
2006. Experiente, Gilbertão também tem passagens por grandes clubes do cenário
nacional como o Coritiba, em 2007, e Chapecoense, em 2012.
Questionado sobre o grupo do CAV, Gilbertão apontou que conhece
muito bem cada um dos jogadores. “É um grupo homogêneo, sem nenhuma estrela, e
por isso acho interessante. Também é um grupo pequeno, e sei dos limites da
diretoria, que me pareceu muito trabalhadora”.
Sobre seu perfil de treinador, Gilbertão contou que sempre
foi capitão pelas equipes que passou como jogador e que prefere usar a
inteligência para nunca ser o dono da razão. “Não sou linha dura, prefiro falar
que gosto de respeito e o comando é meu. Isso não quer dizer ser radical, é uma
espécie de liberdade vigiada. Não pisa no meu calo e nem queira fazer coisas
que não foram previamente combinadas”
Identificação
Gilberto Pereira, o Gilbertão, é velho conhecido do torcedor
da Alvinegra. Ele começou a carreira de jogador na extinta Associação Atlética
Alvinegra e tem histórico de três passagens pelo clube. Natural de
Mirandópolis, na região, Gilbertão cresceu em Ilha Solteira e chegou em 1984
para jogar como volante na Votuporanguense.
“O Lilas (diretor da Votuporanguense na época) trabalhava na
antiga Disdroga e vendia remédio para um farmacêutico de Ilha Solteira, que
tinha um time amador na cidade. Quando o Lilas perguntou se tinha garotos bom
de bola, o farmacêutico dono do time indiciou eu e mais três. Fiz peneira e fui
aprovado pelo Fifi. Joguei no time do Acosta em 1984 e no final do ano fui
negociado com o Matsubara-PR”, relembrou o novo técnico da Alvinegra.
A venda do volante Gilbertão para a equipe do Paraná é
lembrada pelos mais antigos como o “5 por 1”. Na época, Gilbertão foi trocado
por cinco jogadores do Matsubara, mas segundo contam os mais antigos, os cinco
juntos não valiam ele. Em 1987, o então
presidente Dorival Veronezi tentou trazer Gilbertão de volta a Alvinegra, mas
ele só retornou em 1989, e depois em 92 e 93.
“Minha adolescência foi em Votuporanga. Meu sonho sempre foi
morar na cidade. Quando voltei depois de jogar na Arábia, em 1993, comprei uma
casa na avenida da Saudade e mantive ela até 2003. Tenho muitos amigos na
cidade e sempre fui boleiro, gostava de jogar nas peladas da cidade”, revelou.
O vínculo de Gilbertão com Votuporanga vai além das quatro
linhas. O novo treinador do CAV tem uma filha que mora na cidade, e sempre que
pode está em Votuporanga para cumprir com as obrigações de pai. “Para mim ser
técnico da Votuporanguense é unir o lado profissional com o lado de prazer da
vida”.