A nossa sociedade, com o passar dos tempos, tem perdido a noção da necessidade do brincar par as crianças em tenra idade. Alguns adultos que colocam seus filhos em creches ou pré-escolas apresentam certa resistência em coloca-los neste segmento da educação por considerarem muito caro estar em um espaço para brincar. Como se o ato de brincar nada representasse para a vida de seus filhos. A seguir reproduzo o maravilhoso texto de RAQUEL ZUMBANO ALTMAN (cuja história de vida merece ser conhecida) que muito reflete a preocupação neste momento da vida:
O seio oferecido, os olhos apaixonados que seguem seus movimentos, o contato com a face da mãe que o embala, o sorriso do pai que o recebe nos braços são os primeiros brinquedos do bebê. Aos poucos ele percebe as próprias mãos, segura os pés, tateia o nariz, orelhas, boca, despertando seus sentidos num mundo de descobertas. É a aventura de descobrir-se e reconhecer sons, cores formas. Despertando para o mundo que a cerca, a criança brinca.
No ciclo da vida sempre há de ser assim. No começo, a criança é seu próprio brinquedo, a mãe é seu brinquedo, o espaço que a cerca, tudo é brinquedo, tudo é brincadeira.
A folha verde que balança ao vento, a borboleta que bate asas, o barulho da chuva, o farfalhar dos passos sobre as folhas secas espalhadas pelo chão, as vozes dos animais, o brilho do sol, a claridade da lua fazem parte, com certeza, das descobertas do indiozinho que há muito mais de quinhentos anos nascia no Brasil.
Nos tempos mais próximos passamos a denominar esta atitude (poderíamos dizer, metodologia da aprendizagem) como ludicidade na educação/formação das pessoas. Há, inclusive no meio empresarial quando da perspectiva da aprendizagem de conceitos significativos para o negócio, os Jogos Empresariais para o desenvolvimento de competências humanas no campo do trabalho.
No entanto, muito do conhecimento que acumulou no tempo no campo da educação, em especial para crianças e adolescentes, passa pelo processo da desvalorização do adulto que, na maioria das vezes, não teve e não encontra oportunidades agora para tal vivência altamente significativa.
Cuidado, falamos em ludicidade na educação em não em descaso com a formação. Com o lúdico em nossa ação formativa tornamos o aprendizado individual e coletivo muito mais produtivo na construção da consciência crítica, cooperativa e socialmente relevante.
Assim é que, imaginamos, entendemos como necessário o oferecimento de processos formativos para adultos que não tiveram tais oportunidades em suas vidas como forma de agirem de forma distinta com seus filhos, netos e a todas as crianças sob sua intervenção.