O momento de homilia, conduzido pelo padre Telmo José Amaral de Figueiredo, ganhou contornos de polêmica
Padre fala sobre operação policial no RJ e fiéis deixam a igreja (Foto: Região Noroeste)
Daniel Marques
daniel@acidadevotuporanga.com.br
A cidade de Jales foi palco de um episódio inusitado e de grande repercussão na noite deste domingo (23), durante a celebração da missa na Catedral Nossa Senhora da Assunção. O momento de homilia, conduzido pelo padre Telmo José Amaral de Figueiredo, ganhou contornos de polêmica e provocou a saída de parte dos fiéis do templo.
De acordo com de pessoas que estavam presentes, a controvérsia começou quando o sacerdote abordou, em sua reflexão, a recente operação policial de grande visibilidade ocorrida no Rio de Janeiro, que resultou na morte de suspeitos durante confronto. O “desentendimento” teria se intensificado quando o padre fez uma declaração direta sugerindo que aqueles que estivessem em apoio à ação policial mencionada deveriam se retirar da celebração naquele instante.
A fala causou forte incômodo em parte das pessoas, levando vários participantes a se levantarem imediatamente e deixarem a igreja em protesto silencioso contra o posicionamento adotado durante a homilia. O episódio repercutiu rapidamente, chamando a atenção da comunidade católica local, e também ganhando grande destaque nas redes sociais, onde o assunto se tornou alvo de debates intensos.
Não é a primeira vez que o padre Telmo se envolve em polêmica. Ele já foi acusado, e absolvido, da acusação de violação do segredo de confissão. O caso teve início em 2006, em face de denúncias feitas por dois jovens paroquianos. O Tribunal Eclesiástico de Rio Preto o julgou culpado. Telmo recorreu ao Vaticano, que designou o Tribunal Eclesiástico de São Paulo como competente para avaliar o caso. A instância paulistana absolveu o padre. A decisão, posteriormente, foi homologada pelo Vaticano.
O padre Valter Lucato Campano Junior, pároco da Catedral, emitiu uma nota sobre o episódio deste domingo (23): “Por meio desta nota, desejo expressar meu profundo sentimento de tristeza em relação aos acontecimentos ocorridos nas missas das 9h30 e das 19h. Peço a todos que elevemos o coração ao alto, onde está nosso grande defensor e mediador. Recebi muitas notas, mensagens e até mesmo trechos de falas que me deixaram profundamente entristecido com o ocorrido. Manifesto aqui meu carinho por todos e, como pastor deste pequeno rebanho, reafirmo meu compromisso de ser fiel à missão que me foi confiada, procurando corrigir o que for necessário para evitar que situações semelhantes aconteçam daqui para frente. Jesus não fecha as portas a ninguém. Ele é a porta. Por isso, Ele mesmo diz que é por Ele que as ovelhas entrarão e encontrarão pastagem, abrigo e segurança. Ele convida a todos a uma conversa fraterna e solidária, cujo único caminho e única porta é Ele próprio. Conto com as orações e a compreensão de todos”.