Mãe e irmã da jovem assassinada aguardam júri tribunal do autor do crime que assustou população de Votuporanga em 2014
Família da vítima contou ao A Cidade que estará no tribunal para acompanhar o júri (Foto: Jociano Garofolo/A Cidade)
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Com lágrimas nos olhos, dona Maria Aparecida se emociona ao falar da filha Aline Barbosa, assassinada de maneira cruel em 2014, pelo ex-namorado João Henrique Rodrigues Cassiano, o Buiú, no Parque das Nações, em Votuporanga. Ontem, mãe e as irmãs da jovem, morta com golpes de canivete aos 23 anos, falaram ao A Cidade do desejo de justiça e do temor de ver o autor do crime um dia em liberdade, já que, segundo elas, o réu jurou de morte membros da família antes de ser preso.
A família reside em uma casa humilde do bairro Pozzobon. Maria Aparecida Oliveira, 56 anos, a mãe de Aline, conta que a vida nunca mais foi a mesma desde a notícia da morte da filha. Aline morreu com vários golpes de canivete e foi lançada do terceiro andar de um prédio de apartamentos por Buiú. O motivo seria ciúme e não aceitação por ela estar namorando outro rapaz. “Eu não me recuperei. Sofro, passo mal e temo pelos meus outros filhos”.
Uma das irmãs de Aline, Simone da Silva, 30 anos, diz que ela, a mãe e mais dois familiares foram jurados de morte por Buiú e teme que ele volte a fazer algum mal caso ganhe a liberdade. “Coloco Deus na frente e sei que ele não vai fazer mal. O Buiú vai de alguma forma pagar pelo que ele fez. Acredito que a justiça dos homens e a divina será feita. Se ele ficar solto, vai fazer mal, como fez em Santos”.
Simone se refere ao outro assassinato de namorada cometido por Buiú. Após matar Aline, ele fugiu para o litoral, onde incendiou e matou Mariângela Morais, com quem vivia nas ruas. Outra irmã que falou sobre o caso à reportagem é Andreia Oliveira, 37 anos.
Ela foi arrolada como testemunha e vai comparecer ao Fórum para o julgamento. “O sentimento da família, de perder uma irmã tão jovem, é de muita revolta, mas a esperança é que ele pague. Só assim ele vai parar, pelo menos quando estiver preso, de fazer maldade. Ele não vai sossegar, e solto só fará mal”, comentou.
Toda família de Aline deve comparecer no tribunal e acompanhar de perto o julgamento. O júri popular era para ter acontecido na última sexta-feira (11), mas teve que ser remarcado pelo Justiça. A nova data será 6 de dezembro, às 8h30, no Tribunal do Júri do Fórum da Comarca.
Relembre o caso
O crime que chocou Votuporanga aconteceu no dia 16 de fevereiro de 2014. De lá para cá, o caso ganhou as manchetes por conta de ameaças feitas por Buiú após o crime em redes sociais, fuga que desafiou a polícia, outro homicídio de namorada cometido pelo réu e finalmente a sua prisão, em outubro do ano passado, no litoral paulista.
João Henrique fugiu para o litoral pegando carona em trens, foi para Santos, onde um ano depois acabou matando, também de forma cruel, outra namorada, Mariângela Morais, que teve o corpo incendiado. No mês passado, ele foi condenado a 16 anos de prisão pelo homicídio no litoral. Ele cumpre sua pena na região de Santos.
Segundo a denúncia (acusação) do Ministério Público, João Henrique agiu por motivo fútil, valendo-se de meio cruel e empregando recurso que dificultou a defesa da vítima, desferiu golpes de canivete contra Aline, empurrando a moça da janela de um apartamento do “Edifício Grajaú”, ainda com vida.
O réu estava foragido, mas foi preso em outubro do ano passado. Segundo o MP, vítima e assassino mantiveram uma relação amorosa, que havia terminado na época do crime. Buiú não aceitava o fim do casamento e a ameaçava de morte, pois havia descoberto uma eventual traição por parte dela, durante o tempo em que ele estava preso.
No dia dos fatos, devido à insistência de João Henrique, a vítima foi até a casa dele, no apartamento, com objetivo de levar a ex-enteada dele para uma visita e para conversarem. Durante a conversa, a criança e a sobrinha da vítima, que a acompanhava, ficaram no pátio externo do edifício.
Na saída de Aline, Buiú teria trancado a porta, impedindo que a moça deixasse o local. Em poder de um canivete, João Henrique atacou Aline, aplicando vários golpes contra o rosto dela, que tentava se defender com as mãos. Ao tentar fugir, João Henrique acertou Aline nas costas, ombro, nuca e na parte posterior do crânio. Não satisfeito, o assassino teria empurrado a vítima, ainda com vida, da janela do apartamento, localizado no terceiro andar.