Assassino de Aline diz que cometeu crime por ciúme e foi pronunciado a júri popular; família da jovem aguarda por justiça
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
João Henrique Rodrigues Cassiano, o indivíduo conhecido por “Buiú”, prestou depoimento ontem no Fórum da Comarca de Votuporanga. Ele foi escoltado de uma penitenciária em São Vicente, no litoral, e deu sua versão sobre o homicídio cruel da jovem Aline Barboza, em fevereiro de 2014, no Parque das Nações. Ao juiz Sérgio Barbatto, titular da 5ª Vara, disse que matou a ex-namorada por que sentiu ciúmes, e que não aceitou o fim do relacionamento.
Também foram ouvidas sete testemunhas, entre elas familiares de Aline, que deixaram o Fórum pedindo por justiça. Ao final da audiência de instrução, o juiz determinou que Buiú vá a júri popular. A data será agendada pelo juiz da 1ª Vara, Jorge Canil. Além da morte de Aline, João Henrique também responde pelo assassinato de outra namorada, Mariângela Morais, no ano passado, em Santos.
A audiência de instrução é fundamental para os desdobramentos do processo, e nesse caso antecipa o julgamento. Entre os depoentes, duas irmãs e a mãe de Aline, que relataram que até hoje convivem com ameaças de pessoas ligadas a Buiú. O último a depor foi João Henrique.
A versão de Buiú
Segundo os advogados Fábio Luiz Binati e Rafael Tiago Masquio Puglia, responsáveis pela defesa do réu, trata-se de um crime passional e contaram detalhes do depoimento do réu “Quando ele foi antes do crime preso por tráfico de drogas, ela visitava ele normalmente, escrevia cartas e dizia que iria esperar ser solto. Entretanto, ela traía o Buiú.”
Ele desconfiava e quando ele saiu, teve certeza da traição. No dia do crime, o que revoltou ele foi que a Aline confessou, deixando João Henrique transtornado e violento. Foi um crime de amor, porque ele estava sendo traído. Isso, nas palavras dele, que assumiu honestamente cada detalhe do crime”, comentou o advogado Fábio.
O advogado disse que Buiú assumiu que apanhou um canivete e foi então para cima da vítima. “Ele atingiu um golpe entre o pescoço e as costas. Daí por diante nem soube dizer quantos golpes a mais aplicou. A versão dele é de que após os golpes, ela tentando fugir pulou da janela do apartamento. Na versão dele ela se jogou na tentativa de se salvar”, afirmou o defensor.
Fábio Binati concluiu, dizendo que na narração de Buiú, “foi um crime de amor mesmo. Ele nunca deixou de negar que amava ela. Ele reafirmou que amou ela demais”. No depoimento, João Henrique também afirmou que após o assassinato de Aline fugiu de Votuporanga em um trem, com destino final na baixada Santista, onde ficou por um ano como morador de rua, até ser preso.
Família revela ameaças
A mãe e duas irmãs de Aline estiveram entre as testemunhas que também prestaram depoimento, ontem. Ao Cidade, revelaram que o desejo é de que a justiça seja feita, e e também que até hoje vivem sob ameaças, de pessoas “conhecidas” de Buiú.
Andréia de Oliveira, irmã de Aline, optou por falar ao juiz na presença do réu, cara a cara na sala de audiências. Ela revelou que o momento foi de tensão. “Jamais pensei que ia ver o Buiú novamente. Foi um período conturbado quando ele esteve foragido. Até mudamos de cidade, ninguém dormia, nem se alimentava. Foi tenso”.
Segundo ela, a condenação do rapaz dará um conforto, que não substitua a ausência de Aline. “A gente espera por Justiça. É uma dor forte que a gente sente até hoje. Natal não tem ela, festas também, só tristeza”, disse a irmão de Aline.