Todos os 40 suspeitos já estão presos, mas temporariamente; esquema foi desmontado na semana passada, em Santa Adélia
Promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público) pediram à Justiça que 40 pessoas, suspeitas de integrar uma quadrilha de roubo a cargas de trem na região noroeste paulista, tenham a prisão preventiva decretada. Todas já estão detidas desde a operação - que aconteceu no dia 6 deste mês -, mas temporariamente.
Durante a operação, 25 mil litros de combustível foram recuperados e mais de 40 pessoas foram presas, entre elas, seguranças da empresa que opera os trens, que teriam colaborado para ações, além de empresários e produtores rurais, que agiam como receptadores. Foram expedidos 59 mandados de prisão e 65 de busca e apreensão. Mais de 250 policiais militares deram apoio à operação.
Segundo a Promotoria, o crime acontecia na linha férrea em sete cidades: Ariranha (SP), Catanduva (SP), Fernando Prestes (SP), Sales (SP), Santa Adélia (SP), Palmares Paulista (SP) e Pirangi (SP). No ano passado, a Polícia Civil já tinha aberto outra investigação para apurar os furtos de carga de soja. Na época, várias pessoas foram presas. A polícia não descarta a possibilidade de relação entre as duas quadrilhas. A ação era praticamente a mesma: os bandidos também aproveitavam a parada dos trens para colocar lonas na linha férrea, romper os lacres dos vagões e levar milhares de sacas de soja.
Durante o cumprimento dos mandados, foram apreendidos vários equipamentos usados para os crimes como pás, sacos para soja e milho, galões, além de uma bomba, que era utilizada para retirar o combustível dos vagões. Um caderno com as anotações que também foi aprendido mostrava que a quadrilha vendia o litro do combustível pela metade do preço que é cobrado em postos.
Um caminhão carregado com toneladas de grãos foi deixado para trás pelos ladrões, que fugiram durante abordagem. Em outra ação, a polícia encontrou um caminhão com um tanque adaptado carregado com mais de quatro mil litros de óleo diesel.
Em nota, a ALL, responsável pela malha férrea, diz que vinha colaborando com as investigações da polícia e aguarda a conclusão da operação.
Como a quadrilha agia
Segundo as investigações, o alvo dos criminosos eram vagões carregados com combustível e grãos. De acordo com a polícia, o esquema era realizado com a ajuda de seguranças da empresa que opera os trens. Eles avisavam os horários das composições e assim, os criminosos tinham acesso facilitado para o crime, quando estouravam os lacres dos vagões e furtavam usando mangueiras e bombas.
Depois disso, o material era estocado em casas de integrantes da quadrilha por um período curto, depois era distribuído na região e na própria cidade, sendo vendido para propriedades rurais e empresas.