Oftalmologista foi executado e corpo foi colocado em caminhonete; três testemunhas escaparam da morte
Hedilon Basilio Silveira Junior era oftalmologista
Jociano Garofolo
garofolo@acidadevotuporanga.com.br
Mais um crime bárbaro deixa a região consternada. Na noite da última terça-feira (25), o médico oftalmologista Hedilon Basilio Silveira Junior, de 50 anos, foi executado com tiro no peito e golpes de facão em uma propriedade rural arrendada por ele em General Salgado. Entre os suspeitos, está o casal proprietário da terra que é procurado pela polícia. Outras três pessoas, que testemunharam o crime, escaparam por milagre da morte e conseguiram se livrar dos bandidos.
A ação criminosa aconteceu por volta das 22h. Hedilon chegou até a fazenda, conduzindo sua caminhonete, em companhia de um colega, um senhor de 71 anos de idade, morador de Votuporanga, e que foi até General Salgado com objetivo de negociar alguns cavalos da criação do médico, e o funcionário de uma empresa de caixas d água, também de Votuporanga, que foi até a propriedade rural para efetuar um serviço.
Segundo a Polícia Civil de General Salgado, quando chegaram à propriedade, foram rendidos por quatro pessoas, sendo uma delas mulher, armados com um facão, uma espingarda e um revólver. O caseiro também havia sido rendido na chegada dos bandidos. O indivíduo que estava com o facão, que é apontado como o dono das terras arrendadas, teria partido para cima de Hedilon, que acabou atingido por alguns golpes.
Em seguida, os bandidos renderam as testemunhas. Segundo o relato delas, o médico foi levado para um local separado, onde após alguns minutos, foi executado com um tiro no tórax. Em seguida os bandidos foram em direção aos demais e disseram: "o doutor já foi". Em seguida, eles obrigaram o caseiro e o funcionário da empresa de caixas d água a colocar o corpo de Hedilon na carroceria da caminhonete.
Em seguida, o suposto proprietário da terra e a mulher, que seria esposa dele, entraram em um automóvel Astra, de cor preta, e colocaram no veículo o caseiro e o idoso. Já o funcionário da empresa foi obrigado a dirigir a caminhonete, com o corpo da vítima na carroceria, enquanto tinha uma arma apontada para ele, por um criminoso que sentou no banco de passageiros. Desta forma, os bandidos e as testemunhas deixaram a propriedade rural nos dois veículos
Momentos de terror
Ainda segundo apurado pela polícia, os automóveis passaram a transitar por estradas na zona rural de General Salgado. Em determinado momento, já durante a madrugada de ontem (26), os automóveis se perderam. Durante o trajeto, o condutor da caminhonete passou por momento de terror nas mãos do criminoso.
O motorista teve dificuldades em conduzir o veículo, equipado com câmbio automático. O bandido parecia estar alcoolizado e cheirava várias porções de cocaína seguidas. Em certo ponto,o criminoso chegou a dar uma coronhada na boca do rapaz. A caminhonete seguiu para Auriflama. Na entrada daquela cidade, o agressor, que pediu para que o veículo parasse e desceu para urinar. Neste momento, o condutor, que estava sendo mantido refém, acelerou e fugiu do local. Ele transitou com o veículo até a base da Polícia Rodoviária de General Salgado, onde denunciou o crime e pediu por socorro.
A caminhonete com o corpo da vítima permaneceu por boa parte da madrugada na base da polícia, que fica na rodovia Feliciano Sales Cunha (SP-310), até passar por perícia. O rapaz ficou ferido e passou por atendimento médico no pronto socorro de General Salgado e foi levado para prestar depoimento na delegacia da cidade.
Jogados da ponte
Enquanto isso, as outras duas testemunhas seguiam no interior do veículo Astra, sem saber se iam permanecer vivas. Eles foram amarrados e mantidos reféns, até que o carro parou sobre uma ponte no Córrego das Cruzes, por volta das 3h, em Santo Antônio do Aracanguá. De maneira cruel, os dois foram jogados do alto da ponte.
O caseiro, identificado como Luciano Gonçalves Leite, 36 anos, foi arremessado na direção de pedras, mas conseguiu mudar seu percurso ao atingir galhos e caiu na água. Já o idoso, Francisco da Rocha, 71 anos, foi jogado na parte mais funda do córrego. De maneira milagrosa, os dois sobreviveram. O senhor de idade foi encontrado pela Polícia Militar, por volta das 3h.
O outro homem, identificado como Luciano Gonçalves Leite, 36, caseiro do médico, também foi jogado no rio, permaneceu parte da madrugada desaparecido e foi localizado às 4h40 em uma propriedade rural, onde foi pedir abrigo, após nadar até a margem. Os dois passaram por atendimento médico em Aracanguá e prestaram depoimento na delegacia do município, onde foi registrada ocorrência de dupla tentativa de homicídio.
Investigação
Segundo as primeiras investigações da Polícia Civil, os autores do crime seriam o casal que arrendou as terras ao médico, e uma dupla de comparsas, ainda com a identidade desconhecida. Durante todo o dia de ontem, a polícia da região efetuou diligências à procura dos suspeitos. Familiares do casal, contaram à polícia que o homem e a mulher estão em São José do Rio Preto, portanto, não seriam autores do crime.
O problema seria um desacordo sobre o contrato de arrendamento da propriedade. Nos últimos seis meses, pelo menos cinco boletins de ocorrência de brigas e ameaças envolvendo o médico arrendatário e donos da fazenda foram registradas na Polícia Civil. Equipes da Polícia Militar de cidades da região participam das buscas aos criminosos, que se concentram nas imediações do distrito de Prudêncio e Morais, pertencente a General Salgado. O nome e idade do rapaz que levou a caminhonete com o corpo do médico até a base da polícia não foi divulgado. Apenas sabe-se que o primeiro nome dele seria Carlos. CRED: Jociano Garofolo/A Cidade