Entidade que está localizada entre Valentim Gentil de Meridiano tem capacidade para acolher 42 dependentes químicos
Localizada na divisa dos municípios de Valentim Gentil e Meridiano, a Comunidade Terapêutica Novo Sinai está completando neste ano 10 anos de fundação. São 10 anos de dedicação à recuperação de dependentes químicos, devolvendo aos mesmos dignidade de vida, novas condições à convivência social, profissional e familiar.
A comunidade trata-se de uma entidade sem fins lucrativos que acolhe pessoas do sexo masculino que apresentam dependência com drogas, sejam licitas ou ilícitas. Não se trata de uma clínica e sim de uma comunidade que procura restaurar a dignidade e a autoestima perdidas pela dependência; a espiritualidade e a disciplina são as ferramentas para que se reverta este quadro.
Hoje a entidade é reconhecida como de utilidade pública municipal e estadual, e está em trâmite o reconhecimento federal. Também atua na prevenção, através de conscientização por meio de palestras, meios de comunicação, como o projeto “Sobriedade Já”, que por um ano foi transmitido pela emissora de TV Band e hoje está disponível na internet, que esclarecem a sociedade sobre os perigos do uso, e principalmente os meios de prevenção.
Histórico
“Costumo dizer que a inspiração maior veio há mais de 30 anos quando meu pai Sebastião Marques fundou em Valentim Gentil a A.A.A. (Associação Alcoólicos Anônimos)”, explicou José Carlos Marques (Carlinhos Marques), um dos fundadores da entidade.
“Mas a decisão mesmo veio na Campanha da Fraternidade da Igreja Católica de 2001, onde o tema era: “Vida Sim, Drogas Não”; fomos convidados para uma reunião e nos fora sugerido uma atitude concreta sobre o tema, daí fundamos o Amor Exigente onde atendíamos familiares de dependentes químicos em tratamento ou em uso efetivo,e nessas reuniões conheci o Ricardo Gutierre, que hoje é coordenador de tratamento na comunidade, é terapeuta, cursa Teologia, e na época estava interno em São Paulo para tratamento do vício”, disse Carlinhos.
Ricardo Gutierre juntamente com outros dois dependentes químicos foram a princípio acolhidos numa simples casa de aluguel; começava ali, a Comunidade Terapêutica Novo Sinai.
A comunidade
Hoje, além dos voluntários, o local conta com uma equipe de trabalho de 10 pessoas. Estabelecida numa estância, possui capacidade para acolher até 42 reeducandos, sendo 36 em alojamento coletivo, e mais 8 em apartamentos construídos para pessoas que acabam o tratamento e não tem família nem casa para voltar, normalmente moradores de rua, andarilhos, que depois de tratadostem essa opção de continuar na casa por tempo indeterminado.
A entidade conta também com Capela, tendo como padroeira Nossa Senhora de Guadalupe, academia, marcenaria e acaba de ganhar uma sala de informática. “Vale citar também a construção de um auditório com capacidade para mil pessoas, onde são realizados encontros de interação e evangelização como aconteceu em outubro de 2014 com crianças e adolescentes”, disse Carlinhos.
Na comunidade existe uma rotina e o tratamento inclui espiritualidade e laborterapia, onde os internos são responsáveis por tarefas cotidianas e no segundo domingo de todo mês acontece a visita das famílias aos internos. As internações são sempre voluntárias e reeducandos são acompanhados por psicólogos, assistentes sociais e terapeutas ocupacionais, além de direcionamento espiritual, independente da religião do interno.
O tratamento dura de seis a nove meses, e sem custos para quem faz. “Sempre disse a todos da equipe que são proibidas as palavras: custos, preços, pagamentos... pois não somos uma empresa, além do que uma vida não tem preço”, esclareceu Carlinhos Marques.
Doações
“O que recebemos são doações de pessoas simpatizantes do trabalho, alguns familiares e promoções, como o sorteio de motos e de um Fusca. Eventos como palestras onde em alguns casos a entrada é a doação de alimentos, e doações de familiares de internos, mas essa não passa de 30%, pois normalmente as famílias chegam com problemas financeiros causados pelo vício.”, disse o presidente da comunidade.
“Diariamente, por 6 vezes ao dia, todos se dão as mãos e repetem essa oração: “Deus Provê Deus Proverá, a sua Misericórdia não Faltará”. É o que acreditamos, sempre na Providência Divina, pois se é um trabalho inspirado na vontade de Deus, Ele providenciará o que for necessário através da boa vontade dos voluntários”, completou.
O tempo de internação é baseado no laudo psicológico, onde o interno experimenta um ‘renascimento’, sendo que no quarto mês o interno volta pra casa por uma semana para o chamado ‘começo de resso-cialização’. O que diferencia a Comunidade Novo Sinai é que a partir do sexto mês o próprio interno “se dá alta”, assumindo assim a responsabilidade de que entendeu a proposta e está disposto à vida em sociedade, ou fica pelo tempo que achar necessário, já que a doença da dependência, segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), não tem cura.
Entre as comemorações dos 10 anos da comunidade, já está marcado para o dia 19 de abril um grande Retiro de Jovens com o tema: “Fala sério.. porque não?”
“É um desafio aos jovens a viver sem drogas e álcool. O retiro promete muita animação, músicas e palestras sob a orientação do Diretor Espiritual da Comunidade, o padre Luciano Zigart, pároco da Paróquia São José, da cidade de Meridiano”, disse Carlinhos.
Outras informações sobre a comunidade podem ser encontradas no site www.novosinai.com.br, ou e-mail contato@novosinai.com.br ou ainda pelo fone (17) 3485-7748.