O foco da Casa Abrigo é oferecer uma estadia temporária àquelas pessoas que não possuem condições de voltarem às suas cidades ou que não têm moradia fixa e que se entregam à bebida
Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
Votuporanga possui uma entidade que cuida dos moradores de rua. A Comunidade Assistencial Irmãos de Emaús, mais conhecida como “Casa Abrigo”, realiza 140 atendimentos por mês. A média diária é de 973 (somados aos internos, os que somente almoçam/jantam, aqueles que querem tomar banho, que buscam por passagens para outras cidades, etc).
O foco da Casa Abrigo é oferecer uma estadia temporária àquelas pessoas que não possuem condições de voltarem às suas cidades ou que não têm moradia fixa e que se entregam à bebida.
A entidade é filantrópica, sem fins lucrativos, implantada em abril de 1997. Tem como finalidade combater a proliferação de moradores de rua existente na época, assim como atender a população migratória, oferecendo acolhimento para pernoites e ajuda no transporte intermunicipal para continuidade do curso de suas viagens.
Foi fundada por um grupo de pessoas ligadas à Igreja Católica. O Poder Judiciário colaborou para que pudesse ser utilizado o espaço disponível hoje.
Quem está na casa em situação permanente ocupa o tempo com atividades de horticultura, que é comercializada sendo esta uma contribuição do próprio assistido. São cultivadas hortaliças e legumes. Todos também colaboram com a manutenção do local, no jardim, na cozinha, na limpeza. Eles recebem orientações de espiritualidade, valores sociais e a importância do trabalho.
Passagem
A reportagem esteve na manhã de ontem na Praça Matriz. Alguns moradores de rua dormiam em bancos; outros já haviam saído.
Andando pela praça estava o senhor Luiz Augusto, 52 anos. Contou que era de Jales e que estava na cidade há dois dias, residindo temporariamente numa casa abandonada no bairro Pozzobon para dormir ou descansar durante o dia.
Questionado sobre quais seriam os motivos que o levaram a não ter uma moradia fixa, ele respondeu que sempre morou em Jales e foi casado durante 8 anos. Após a separação, decidiu vir para Votuporanga para arrumar um trabalho. Passaram-se os anos e a vida resumiu-se nas duas cidades, onde já chegou a trabalhar como pedreiro.
Suas refeições são feitas quando consegue vender alguns materiais recicláveis ou quanto recebe dinheiro de alguém. Procura também centros espíritas ou entidades que fornecem alimentos. O único vício que diz ter é a bebida alcoólica.
Informou que conhecia a Casa Abrigo, chegou a almoçar no local, mas não quis ficar, alegando que não pode ser obrigado a trabalhar. O que ocorre na verdade, é que os assistidos pela entidade ocupam o tempo com atividades dentro da Casa, como por exemplo, na cozinha ou manutenção da horta.