Karolline Bianconi
karol@acidadevotuporanga.com.br
Começou ontem a Semana de Combate a Violência Contra a Mulher, evento realizado pelo Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social), que é vinculado a Secretaria de Assistência Social da Prefeitura de Votuporanga. Até sexta-feira, haverá panfletagem em diversos pontos da cidade, com o propósito de refletir a respeito da violência doméstica e de gênero.
Dados
Segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, cresceu a quantidade de casos de violência contra a mulher em Votuporanga. Em setembro de 2011 foram 28 denúncias; já no mesmo mês, em 2012, teve 43 registros.
Em setembro de 2011, foram 26 casos de lesão corporal dolosa e dois estupros. No mesmo mês, em 2012, foram dois homicídios, 38 casos de lesão corporal culposa e três estupros.
Durante todo o ano de 2011 aconteceram 386 registros policiais na Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) da cidade, sendo três homicídios, 359 casos de lesão corporal dolosa e 24 estupros. Em nove meses de 2012, os casos já somam 318, sendo cinco homicídios, 289 situações de lesão corporal dolosa e 24 estupros.
Motivação
Na opinião do assistente social do Creas, Ariel Augusto Brandão Gonzales, a violência contra a mulher reflete um contexto social, mas não engloba poder aquisitivo, como antigamente era mais cotado. “Percebemos que a violência é um assunto banalizado. Grande parte dos homens de hoje, que agridem suas esposas, viram os seus próprios pais baterem nas mães. Alguns filhos encontram o caminho das drogas e de bebidas alcoólicas para o refúgio. E é nesse contexto que o Creas trabalha, que é para cessar a violência”, falou.
Na maioria das vezes, segundo o assistente social, os agressores têm consciência de suas atitudes quando não estão sob o efeito de bebida ou droga. E quando há o questionamento pelos profissionais do Creas sobre estas ações, estes acabam revelando indícios de que os motivos que os levam a agredir suas companheiras seriam os pensamentos machistas; porém, outros chegam a negar as agressões.
Outro ponto levantado pelo profissional é que na maioria dos casos as mulheres ainda se culpam pelas agressões. “Os agressores insistem tanto em algo que o psicológico das vítimas tende a perceber que elas mesmas são culpadas pelos atos de seus maridos. É nesta hora que o nosso trabalho visa ser reconhecido, destacando que não existe, de fato, razões ou justificativas para a agressão”, falou.
DDM
Ariel explicou que o Creas recebe da DDM os boletins de ocorrência contra a mulher e seleciona os casos. Os mais relevantes e aqueles onde a vítima pode estar escondendo algo mais grave, são selecionados para receberem atendimento no Creas; o órgão também lida com vítimas que, por conta própria, procuram por acompanhamento.
Débora Prudente Teixeira Nunes, psicóloga do Creas, contou que o trabalho é feito em conjunto e que toda a família recebe orientação. “Falamos também com os filhos, com os maridos”, disse a profissional.
Artiel contou que os agressores que recebem tratamento no Creas são orientados a refletirem que cada pessoa tem sua própria vida e que não, necessariamente, deve existir uma dependência, tanto financeira quanto afetiva. “A gente trabalha para quebrar a expectativa da perfeição do relacionamento. E isso dá certo quando há interesse em compreender que o outro também precisa do seu espaço, que tem seus afazeres, enfim, tem uma vida”, falou.