Representantes das Santas Casas elaboraram um documento que será encaminhado ao Governo
Leidiane Sabino
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Com representantes de quase 100 hospitais filantrópicos, que corresponde a aproximadamente sete mil leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) do Estado de São Paulo, as Santas Casas iniciaram ontem um movimento para sensibilizar os governos para as necessidades eminentes do setor filantrópico. R$50 milhões, R$47 milhões, R$25 milhões, esses foram os tamanhos das dívidas apresentadas por algumas das Santas Casas, na reunião realizada ontem, durante todo o dia, no Espaço Unifev Saúde. Há a possibilidade de paralisação, caso as reivindicações não sejam atendidas; e, mesmo não parando em mobilização, os hospitais podem fechar por falta de recursos.
Representantes das Santas Casas elaboraram um documento que será encaminhado ao Governo do Estado e Governo Federal. Até 25 de setembro, deve ser assinada pelos representantes dos hospitais uma carta de anuência, que vai ser entregue aos governantes até 30 de setembro; as Santas Casas aguardam uma resposta até o dia 30 de outubro e, no dia 7 de novembro acontecerá uma nova reunião para avaliar os resultados. No dia 10 de outubro, todas as Santas Casas envolvidas farão uma mobilização, com os funcionários usando camiseta preta, com a seguinte frase: “Tabela SUS, reajuste já!”; farão também uma entrevista coletiva explicando a mobilização. Além disso, está sendo criada uma página no Facebook (Santa Causa), pedindo que todos compartilhem, curtam e que usem preto no dia 10 de outubro.
Além do deputado estadual Carlão Pignatari, o também deputado do Estado de São Paulo, Ulysses Tassinari, e o presidente da Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo), Edson Rogatti, acompanharam o evento.
O provedor da Santa Casa de Votuporanga, Luiz Fernando Góes Liévana, disse que esta reunião foi o início de uma mobilização nacional em busca de solução pelo sufoco que passam as instituições filantrópicas. “Estamos fazendo misericórdia para o Governo; sacrificando as nossas instituições para arcar com o serviço que é de sua responsabilidade”, disse. As Santas Casas esperam uma solução para o problema até o final do ano.
“Precisamos sensibilizar os governos de que o custeio da saúde pública é de sua responsabilidade. Não fizemos esta reunião para atingir ninguém, nem discutir problemas particulares das Santas Casas, nem para fazer política. Queremos, simplesmente, uma solução para o problema”, disse Nasser Gorayb, presidente do Conselho Deliberativo da Santa Casa.
O deputado Ulisses Tassinari ressaltou que há muita vontade e algumas reuniões para ajudar os hospitais filantrópicos, mas, nada, efetivamente, tem sido feito pelos governos. “Enquanto isso, mesmo sendo paliativas, as emendas parlamentares ajudam”.
Carlão destacou que a responsabilidade pela saúde é do Governo. “Não é justo que os hospitais filantrópicos subsidiem a saúde. Antes, a pessoa não sabia porque morria, hoje, morre com o resultado do exame na mão porque não tem como fazer a cirurgia. Sou totalmente favorável a determinar um prazo para que o problema seja resolvido”.
Segundo Edson Rogatti, o Governo não valoriza a saúde, mas, em período eleitoral, coloca-a como prioridade. “Percebemos que quanto mais atendemos por meio do SUS, mais prejuízos temos. Perdemos de R$35 a 40 bilhões com a emenda 29, mas, mesmo assim, os hospitais filantrópicos não deixaram de oferecer atendimento humanizado e de qualidade”.
Rogatti disse que o SUS cobre apenas 60% dos gastos das Santas Casas. “Estes hospitais querem que sejam pagos pelo menos os custos do atendimento total. Todos estão com um prejuízo enorme, simplesmente por oferecer o atendimento! Há seis meses, conversamos com o BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento), que oferece empréstimo a 10% ao ano aos hospitais e a 4,5% aos produtores rurais, queremos mais benefícios às entidades filantrópicas. Mesmo com o juro a esse valor, os hospitais não conseguem o empréstimo. A maioria dos representantes das Santas Casas que está aqui pensa em como vai pagar o 13° este ano!”, desabafou.