No Brasil, apenas 7% dos internos de comunidades terapêuticas concluem o tratamento
Leidiane Sabino
leidiane@acidadevotuporanga.com.br
A Comunidade de Recuperação Nova Vida, de Votuporanga, tem um índice importante a comemorar. Com a conclusão do tratamento de Marcelo, Ermes e Lucas, na manhã de ontem, a Comunidade atinge a marca de 48% de média dos que levaram até o final o tratamento. Enquanto, a média nacional é de apenas 7%. De janeiro até agora, 28 rapazes permaneceram os seis meses necessários na Comunidade. Ontem, às 10h, os três internos cumpriram o último passo do tratamento e foram embora para casa.
Antônio Cegana, administrador da Comunidade despediu-se dos rapazes. “A Comunidade ofereceu todas as ferramentas necessárias para que vocês vivam em harmonia na sociedade, todo apoio e retaguarda para chegarem até aqui. A gente fica triste de perder a convivência com vocês, mas feliz porque venceram esta etapa”, falou. Para Antônio, família, religião, trabalho e grupo de apoio são fundamentais a partir de agora, para que os três permaneçam de pé. Ele reforçou que o tratamento não livra ninguém das dificuldades. “A gente não sabe quando o problema vai chegar e, por isso, precisamos estar preparados e ter onde nos apoiar. Se precisarem, podem contar conosco”. Ele disse ainda aos que ficaram na casa para continuar o tratamento. “Que na hora das dificuldades, vocês se lembrem daqueles que conseguiram ir até o final”.
Segundo Antônio Cegana, os três que saíram mais um que ainda se encontra na Comunidade, tiveram o tratamento mantido por meio de parceria com as Prefeituras de suas cidades.
Um dos monitores da casa também falou aos que concluíram o tratamento. “Eu também já estive aqui na frente. Essa Comunidade me salvou e mudou a minha vida. Deus me deu a oportunidade de me tratar. A recuperação não é fácil e vocês são resultado de um grande trabalho. Viver em recuperação não é para qualquer um, aqui é lugar de homem que faz a escolha de viver sem drogas e sem bebidas. Acredito que todos aqui tem algo a oferecer à sociedade e só precisavam de uma oportunidade”, disse.
Depoimentos
Marcelo Martins Ribeiro, casado, 37 anos de idade, de Nova Granada-SP. Acaba de concluir o tratamento depois de envolvimento com álcool e drogas. “Vim para a Comunidade por que tive a vontade de parar e ter uma nova vida”, disse.
Ermes Maxmiliano da Silva, casado, tem 49 anos de idade e um filho. Mora em Votuporanga. Depois de passar por três internações e não concluí-las, ele decidiu levar à sério o tratamento e procurou a Comunidade Nova Vida. “Eu tinha perdido o controle total da minha vida e a Comunidade me ofereceu ferramentas de recuperação que eu não conhecia. Agora, lá fora, vou me cuidar e cuidar do meu filho”.
Lucas Ramon Santos Silva, o caçula do trio, tem 25 anos, mora em Cardoso. “Esta é a minha terceira internação, mas a única que conclui. Estou bem e preparado para buscar uma nova forma de viver. Vou procurar um emprego e uma igreja”, disse.