Mário Bernardes abriu o jogo sobre a situação financeira da Santa Casa, na Rádio Cidade
Andressa Aoki
andressa@acidadevotuporanga.com.br
A situação financeira da Santa Casa de Votuporanga é preocupante. Depois do anúncio da suspensão dos serviços de neurologia e neurocirurgia do hospital, o administrador da instituição, Mário César Homsi Bernardes, foi o entrevistado do programa Jornal da Cidade, na Rádio Cidade AM para dar detalhes sobre o financeiro. Mário foi incisivo ao dizer que a dívida da Santa Casa é de R$ 25 milhões.
Ele explicou que a boa parte deste valor é empréstimos bancários. “Essa é a realidade do Brasil e de todas as Santas Casas e dos hospitais filantrópicos”, afirmou. A solução é um plano do BNDES no valor de R$ 20 milhões, órgão vinculado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “Já é uma ação do Ministério do Saúde. Se conseguirmos, ameniza a nossa situação por dois anos. O pagamento de 60 meses, seria de 120 meses. Seria um fôlego para que em dois anos, algo diferente na política nacional de saúde aconteça”, frisou.
O administrador apontou as receitas do hospital, que são insuficientes. A Santa Casa recebe R$ 1,5 milhão do teto SUS (Sistema Único de Saúde). A Prefeitura de Votuporanga contribuiu com R$ 100 mil por mês, na proporção dos atendimentos que são feitos no Pronto Socorro. “O atendimento de urgência e emergência, por lei, é de responsabilidade do município e a Santa Casa presta este serviço para Votuporanga e 16 cidades da região. Todos eles estão contribuindo com uma parcela para os custos do Pronto Socorro”, destacou.
Mário frisou que foi elaborado um estudo nacional que aponta, que a cada R$ 100 de custo para atender o SUS, a tabela remunera R$ 65. “É uma conta muito difícil de fechar. Cerca de 80% da nossa estrutura é para paciente SUS, os outros 20% é onde tem uma receita um pouco melhor. O problema é nacional. Hoje, a dívida dos hospitais é de R$ 12 bilhões. Em dois anos atrás, eram de R$ 5 milhões. As Santas Casas estão sustentando o SUS. É preciso um movimento nacional, uma conscientização no governo federal”, ressaltou.
Para aumentar o teto SUS, a Santa Casa precisa melhorar a estrutura de UTI, que estão constantemente lotadas. “Temos 14 leitos da UTI e existe projeto de ampliar em mais 10 leitos, a UTI coronária do hospital”, afirmou.
A população de Votuporanga ajuda a instituição, participando das campanhas como "Saúde que dá prêmios", em parceria com a Saev Ambiental e com a Nota Fiscal Paulista.
Todo mês são premiados os moradores da cidade que contribuem com pelo menos R$ 3 com a campanha "Saúde que dá prêmios", o valor é automaticamente debitado na conta de água. O dinheiro arrecadado é revertido para a Santa Casa investir na compra de materiais e medicamentos. Por ano, o hospital arrecada R$ 200 mil.
Já com a Nota Fiscal Paulista, a instituição arrecada R$ 271 mil por ano. Atualmente existem 79 urnas espalhadas pelo comércio local, dos mais variados tipo de estabelecimentos, que vão desde supermercados, lojas de roupas a autopeças mecânicas. Também existem 5 cidades que colaboram mandando as notas e cupons fiscais, que são Américo de Campos, Cosmorama, Mira Estrela, Fernandópolis e recentemente Álvares Florence. É fácil ajudar quem precisa, basta doar os cupons fiscais sem CPF para a Santa Casa de Votuporanga.