Da Redação
A Santa Casa de Votuporanga anuncia a suspensão dos serviços de neurologia/neurocirurgia para o Sistema Único de Saúde – SUS e para todos os convênios atendidos pelo hospital. São duas as razões que levam a esta tão difícil decisão, a falta de profissionais médicos e o alto custo dos serviços. Desde domingo (15/07/2012) já não há uma escala médica de disponibilidade para o atendimento nesta especialidade. Na semana passada, o jornal A Cidade divulgou, com exclusividade, as dificuldades financeiras da instituição.
A Santa Casa foi credenciada pelo Ministério da Saúde para realizar procedimentos de alta complexidade em neurologia/neurocirurgia em novembro de 2008 e no último dia 06, oficializou o Departamento Regional de Saúde - DRS XV de São José do Rio Preto, da necessidade de suspensão dos serviços, por tempo indeterminado.
De novembro de 2008 a junho de 2012, foram inúmeros os casos de sucesso no atendimento neurológico/neurocirúrgico à população de Votuporanga e região. A Santa Casa realizou 2.300 procedimentos na média e alta complexidade, sendo que 78% foram de pacientes do SUS, vítimas de acidentes automobilísticos, principalmente com motos, que foram os casos de traumatismo craniano encefálico, como também os casos de acidente vascular cerebral – AVC, tumores, aneurismas e tantos outros.
De acordo com o provedor Luiz Fernando Góes Liévana, “essa foi uma decisão extremamente difícil, mas necessária para manter a Santa Casa de portas abertas e atendendo a população nas demais especialidades e necessidades. Infelizmente, o hospital não suporta mais os elevados custos dos serviços de neurologia/neurocirurgia. Outro fator determinante, é que não temos mais equipe médica para fechar a escala de plantões”.
A instituição possui um teto mensal de R$ 27 mil no contrato SUS para atender a média e a alta complexidade da neurologia/neurocirurgia, só que produz aproximadamente R$ 112 mil. Para suprir a demanda, o hospital assume um déficit de R$ 85 mil por mês, que não é pago pelo SUS, pois excede as cotas e os valores previstos no contrato. Mesmo com a insuficiência dos recursos da tabela SUS, o contrato prevê uma média de atendimento de 12 pacientes por mês, enquanto que a demanda real mensal é de 17 procedimentos apenas na alta complexidade.
O administrador Mário César Homsi Bernardes relata a preocupação da instituição em deixar de assistir esses casos. “Lamentamos profundamente ter que chegar a esse ponto. Foi uma luta para conseguirmos estruturar o hospital de modo que tivessemos condições para atender às exigências do credenciamento dos serviços. Agora, é muito doloroso termos que comunicar a população de Votuporanga e região que pedimos a suspensão do serviço. Fico bastante preocupado, porque sei que a qualquer momento, qualquer um de nós podemos precisar do atendimento e a Santa Casa de Votuporanga não terá como socorrer.”
Mário César também destacou a postura ética e compreensiva do neurocirurgião Dr. Matheus Rodrigo Laurenti, “que mesmo com a suspensão dos serviços, continuará conosco para atender as consultas dos nossos clientes do Sansaúde, bem como agradeço os anos de convivência, de parceira e de muito aprendizado com o neurocirurgião e neurologista Dr. Darley Paulo Fernandes da Silva”.
Com a suspensão do serviço, os pacientes que chegarem ao Pronto Socorro terão que ser transferidos para outro hospital que possua referência em neurologia/neurocirurgia. Esse processo de transferência é feito através da Central de Regulação Médica, que avalia os pedidos formalizados pelo hospital.
“Esperamos que essa situação seja temporária, pois lutamos muito para conquistar o serviço da neuro. Não vamos desistir de retornar os atendimentos e enquanto isso não ocorre, precisamos contar com a compreensão da população e com a ajuda de nossas autoridades, para que juntos possamos superar os dois pontos cruciais que nos levaram a tomar tal atitude, que é a falta de dinheiro para cobrir o déficit e os custos dos atendimentos neurológicos/neurocirúrgicos, bem como a recomposição da equipe médica especializada”, finaliza o provedor Luiz Fernando.